Antes que você imagine um monte de brigas, ruptura no meio liberal tem a ver com a série que está bombando no momento, e que tem muito a ver com o meio liberal. Se você não assistiu, preciso avisar que este texto pode conter spoilers, então, siga a leitura por sua conta e risco!
A série fala sobre uma empresa que, para contratar funcionários para algumas funções específicas, exige que estes passem por um procedimento chamado “ruptura”. É como se a pessoa tivesse duas vidas completamente separadas, uma fora da empresa, outra dentro da empresa.
Chegando ao andar da ruptura, as pessoas não se lembram de nada do que viveram fora dali; e ao ir embora, também não se lembram de nada do que viveram no trabalho. A essa altura vocês já devem imaginar o que isso tem a ver com o meio liberal. Ainda não? Então continue lendo!
Ruptura total
Uma vez estávamos no mercado, fazendo compras de boa, quando demos de cara com uma pessoa que conhecemos no swing. Mas não era só um conhecido, era alguém que conversávamos bastante, que fizemos festinha, que nos divertíamos juntos. Nós, ingênuos, abrimos um sorriso e o cumprimentamos; mas ele nos ignorou completamente, como se nunca tivesse nos visto na vida.
Outra vez, novamente, a mesma coisa: encontramos um conhecido das baladas liberais no shopping que olhou pra gente e mudou de lado no corredor, só pra não ter que cumprimentar. E se for contar todas as vezes que esse tipo de coisa aconteceu com a gente, daria um livro!
No fim das contas, é muito comum que as pessoas vão às casas de swing e assim que passam pela porta se “transformem” em outras completamente diferentes. Eu mesma passo essa ideia pra muita gente que me diz “você é outra pessoa aqui!”
Meu externo e meu interno
Uma vez uma amiga me perguntou porque eu não sou esse mulherão fora do swing, afinal, quem me encontra fora dos clubes me vê na função da vida real. E isso, amores, é totalmente normal. A gente trabalha, é mãe, dona de casa, motorista, faxineira, psicóloga… e cada momento nos pede uma configuração diferente.
É uma roupa diferente, um palavreado diferente, um olhar diferente, um cabelo, make, unhas diferentes. Isso é vida normal. Já a ruptura no meio liberal acontece quando a pessoa faz questão de deixar as duas vidas completamente separadas. E isso é muito fácil de fazer, vejam:
- Nomes diferentes – faz parte da cultura swinger criar nicks para não ter que usar os nomes reais e manter o anonimato.
- Contas secretas – é um insta só para o meio, um whatsapp só para o meio, um email só para o meio…
- Amizades misteriosas – de onde aparecem tantos amigos na vida do casal? Ninguém tem certeza…
Ruptura inconsciente
E assim, quem entra no meio liberal vai fazendo a ruptura sem nem perceber. Quando cruzam as entradas dos clubes, são outras pessoas. Até mesmo na entrada das casas dá pra perceber essa diferença: enquanto estamos na fila, se vê um conhecido dá um simples “oi” e olha lá. Mas quando passa pela porta… é beijo, sorriso e abraço com A MESMA PESSOA QUE ESTAVA NA FILA!!! kkkkkkk
É como se ali dentro a pessoa pudesse realmente ser quem ela quer ser, como se fosse um reduto protegido dos julgamentos externos, como se ali, nada mais a atingisse. E quando a noite acaba, a gente paga a comanda e sai da balada, a gente volta a viver sob o manto dos padrões sociais.
Agora me conta, como você tem lidado com a ruptura no meio liberal?
Não consigo muito fazer essa dissociação (ainda).
Meus amigos de SW sao de ir na rua, no mercado, na balada, no restaurante.
Andamos juntos como velhos amigos, so que no quarto o bicho pega.
hahaha…
Acho que porque a pegada da Casa de SW nao é muito o nosso forte.
Formamos as amizades antes, saimos pra jantar, saimos pra transar depois de ja termos algum alinhamento… e depois ainda “sobra” a amizade gostosa.
Viajar juntos, passar fds em montanha, praia… hummm, bom demais.
Pois é, e quanto mais eu penso e vivo o swing, mais eu acredito que a ideia real do swing sempre foi esse convívio em comunidade. Os clubes, as festas e as baladas são muito mais voltadas aos negócios do que ao lifestyle.