O Swing é a Ilha da Fantasia

Outro dia o Marcio me disse que o swing é igual a Ilha da Fantasia e eu fiquei sem entender direito o que é que ele queria dizer. Acontece que eu nunca tinha assistido a um episódio sequer desse programa dos anos 70 e, apesar de saber do que se tratava, bateu uma curiosidade e eu corri no Youtube pra ver.

Segundo o Wikipedia, Fantasy Island (no Brasil e Portugal, A Ilha da Fantasia) é uma famosa série de televisão produzida por Aaron Spelling e Leonard Goldberg de 1978 a 1984. Ganhou em 1998 uma nova versão, que duraria apenas meia temporada. A série conta a história de uma ilha paradisíaca onde qualquer desejo pode ser realizado. O anfitrião dessa ilha é o senhor Roarke, juntamente com seu auxiliar, o pequeno Tattoo, um anãozinho muito simpático.

E eu finalmente entendi exatamente o que é que o Marcio quis dizer sobre o swing ser a Ilha da Fantasia. “Aqui qualquer coisa existe, se desejar” é uma das frases de impacto que o anfitrião diz aos seus convidados, e tem absolutamente tudo a ver com o swing, que diz: “tudo é permitido, nada é obrigatório”.

Até aí tudo bem. Na verdade, até aqui tá tudo ótimo, afinal, quem é louco de não querer realizar seus desejos? Todo mundo sonha com alguma coisa e quando uma oportunidade de transformar o sonho em realidade aparece, só louco para não ir em frente. (louco ou irresponsável?)

Interessante perceber que ao realizar as fantasias dos convidados, o anfitrião não diz exatamente que tudo tem dois lados mas deixa bem implícito. Coisa que no swing, talvez, não fique muito clara para quem entra em busca de seus desejos. Mas a verdade, meus caros leitores, é uma só: tudo tem um lado bom e outro ruim.

Anos atrás comecei a escrever no blog alguns posts sobre o lado ruim do swing, aquele que a “ilha da fantasia” não quer mostrar de jeito nenhum. Assuntos como DST´s, drogas, camisinhas que estouram ou divórcios, começaram a incomodar a comunidade swinger.

Chegaram a me dar “conselhos” para não escrever esse tipo de coisa, para manter uma “boa imagem” no blog. Na verdade, aquilo incomodava quem me “aconselhava”. Até posts com assuntos mais corriqueiros como inveja, idade e beleza incomodaram muita gente que ama a fantasia da ilha em que vive. Foi quando pensei comigo quem sou eu para destruir a ilusão dos outros, né?

No episódio que assisti, uma das fantasias realizadas contou com a participação do cozinheiro da ilha, fazendo papel de companheiro de cela do convidado. No fim, quando o convidado perguntou sobre seu companheiro, sem saber que se tratava de um cozinheiro, o anfitrião respondeu que o companheiro precisava de mais tempo para se readaptar à vida livre devido ao tempo de confinamento. O convidado, satisfeito com essa resposta, foi embora.

Quando questionado pelo Tatoo sobre o porquê de não ter contado a verdade ao convidado, ou seja, porquê mentir sobre a verdadeira identidade do companheiro de cela, o anfitrião simplesmente respondeu: “não menti, só preservei uma ilusão”. E quantos swingers querem a todo custo preservar a ilusão de que o swing é tudo de bom, sempre, all the time.

Mas calma, amores, nem todos os swingers vivem na ilha da fantasia. A maioria deles entende perfeitamente onde começa a fantasia e até onde podem ir com ela. Geralmente tudo acontece nos ambientes liberais como casas de swing, festas de swing ou viagens liberais.

Sorriam todos, sorriam!

A noite no swing sempre começa do mesmo jeito: todo mundo é feliz e legal até que se prove o contrário. Geralmente a gente descobre se a pessoa é realmente feliz e legal depois de transar com ela. O que tem de gente no swing que realmente só quer te foder não é brincadeira! Alguns, inclusive, o fazem com tanta frieza que já viraram referência na comunidade: Casal X? Só é legal com você porque ainda não te comeu. Fica com ele pra ver o que acontece…

E assim acontece não só na parte sexual, mas em vários outros ângulos liberais – lembram? É a ilha da fantasia! Ser o rei do camarote, chegar na balada de Aston Martin, fazer a melhor festa, transar com os mais bonitos… a lista das fantasias parece não ter fim! Postar a foto mais votada, fazer o vídeo mais safado, ter mais seguidores… falar a maior asneira, escrever a pior crítica, destruir alguém só por prazer… Vocês não fazem ideia das “fantasias” que encontramos por aí.

Na verdade, o que o povo mais me pergunta é como realizar fantasias: “Onde eu acho solteira pra menage?” “Qual a casa de swing que rola gang bang?” “Quero fazer troca, onde encontro um casal bacana?” Às vezes me sinto uma anfitriã da ilha da fantasia, como seu eu tivesse o poder de realizar qualquer coisa apenas indicando onde ir, o que fazer, com quem falar. (#SQN, né?)

As pessoas esquecem que para uma fantasia virar realidade outras pessoas estão envolvidas. Outras ideias, outros sentimentos, outras fantasias… Na ilha da fantasia, toda fantasia vem com um fundo de moral. Ah se os swingers refletissem mais no que suas fantasias podem trazer (coisas boas e ruins) antes de sair fazendo o que der na telha… seríamos poupados de tanta bobagem… de tanta tristeza… de tanto arrependimento…

O swing é a Ilha da Fantasia e tal como no seriado, mais cedo ou mais tarde chega a hora de ir embora. Não importa quando, uma hora a noite acaba, a festa termina e a viagem chega ao fim; a vida na fantasia dá lugar à vida real e a ilha passa a ser só uma lembrança. Quer uma lembrança boa? Fantasie com responsabilidade.

Beijosssssssssss

*Episódio assistido: A Fuga/As Cinderelas