O Papel da Mulher no Swing

Uma das maiores características do meio liberal é a adoção de nicks para dizer quem é você. É como se fosse um batizado, sabe, você entra para o swing e escolhe um nome – geralmente é diferente do seu nome verdadeiro – para se preservar. Se preservar do preconceito que rodeia quem gosta de sexo, se preservar de ataques de fanáticos, preservar aqueles que você ama.

Também serve para manter um ar de mistério muito útil na arte da sedução, serve para confirmar que você participa de um grupo secreto, com nomes diferentes e sociedades seletivas – tudo isso faz parte da cultura do swing e quando você entra nesse meio assimila sua cultura, naturalmente.

Quando nós entramos no swing escolhemos nossos novos nomes: Marina e Marcio. Parece que os homens não sofrem tanto com a nova identidade mas para mim, Marina, foi mais complicado. E tenho atendido muitos casais onde a principal queixa é que a esposa fica “diferente” quando está no swing.

Calma, calma, deixa eu explicar: ela fica diferente pra melhor, tipo assim, no swing ela age de um jeito muito mais gostoso do que quando está a sós com o marido no mundo PB rsrsrs. O que acontece então, que faz com que a mulher seja tão diferente quando está no swing?

Comigo também foi assim, caros leitores. Eu era uma pessoa quando estava no swing e outra na vida normal. Na vida normal eu tenho que manter a pose de boa esposa, boa mãe, boa profissional, seguindo as regras invisíveis que a sociedade impôs sem me questionar se gosto ou não. No swing eu não preciso manter pose nenhuma, eu posso ser exatamente quem eu sou, posso mostrar do que eu gosto, posso fazer o que eu gosto, sigo as minhas próprias regras, definidas comigo mesma e com o meu marido.

A sociedade diz que a mulher que gosta de sexo é puta, eu digo que que a mulher que gosta de sexo é normal; a sociedade diz que a mulher que usa minissaia está procurando por sexo, eu digo que a mulher que usa minissaia gosta do seu corpo; a sociedade diz que trair é melhor do que fazer swing, eu digo que swing é melhor que qualquer coisa. Entendem a diferença? É muito difícil unificar duas mulheres tão diferentes numa só. Difícil, mas não impossível.

Fiz terapia durante anos e numa das vezes a psicóloga me perguntou porque eu não colocava mais Marina no meu dia-a-dia? Porque eu tinha que manter tudo tão separado se na verdade eu sou uma só pessoa? Foi aí que eu entendi o quanto as duas personalidades são uma só, o quanto a Marina era eu mesma, apenas mostrando um lado que eu não sabia que existia.

E que a vida ficaria muito mais leve se eu colocasse doses de Marina no mundo PB e doses do mundo PB na Marina. E não é que funcionou mesmo!! Gente, a Marina era tão porra louca que precisava de limites, mesmo no meio liberal; já a outra era tão sonsa que precisava urgentemente de umas doses de loucura para acordar na vida. Quando eu juntei as duas adivinha? Tudo de bom!! Até parei a terapia… kkkkkkkk!

Ser mulher é uma loucura, concordam meninas? A nossa vantagem (nós que praticamos swing) é descobrirmos um lado nosso tão incrível quanto o que a gente já conhece. Um lado mais selvagem, um lado que não te cobra tanto, um lado que te deixa mais confiante e menos exigente. Que nos faz entender que nem tudo que é belo vem pintado de ouro e nem tudo que brilha é feito de diamante.

Descobrimos que é possível amar e ser amado de uma forma plena e saudável, sem neuras, sem ciúme, sem crises. Enfim, descobrimos que podemos cumprir mais um papel, só que dessa vez o papel é para nosso próprio bem-estar, pensando em nós mesmas, na nossa diversão, no nosso desejo e não no que esperam de nós ou no que querem sejamos. Pode ser que leve algum tempo até conseguir incutir sua persona de swing na vida PB, mas sabe de uma coisa? Vale a pena tentar!

Beijossssssss