Vida Real x Vida Liberal

Esses dias alguém me disse o seguinte: “sua vida está no mundo real, o swing é fantasia e não pode misturar a realidade com o mundo liberal. Eu não respondi nada, mas imediatamente me lembrei do quanto eu também acreditava nisso.

No começo da vida swinger, eu “inventei” a Marina quando a recepcionista da casa de swing perguntou qual era o nome do casal. Levei um susto, porque não queria dizer meu nome “em um lugar assim”; além do quê, meu nome é meio diferentão; na hora respondi “Marina” e ficou até hoje.

Contei essa história porque eu separava, inconscientemente, a vida real da vida swinger. A Marina era o meu alterego, fazia e falava tudo o que o meu eu real não podia. Olhando para trás, hoje eu vejo que essa divisão foi necessária para que eu enxergasse um ‘eu’ que nem imaginava que existia. Por outro lado, deu a ilusão de que o swing não passava de uma fantasia, portanto, podia fazer qualquer coisa sem um mínimo de responsabilidade.

Mudando de ideia

Fui mudando de ideia quando a minha psicóloga me questionou em uma sessão: “não tá na hora de colocar mais Marina na sua vida? Ela é forte, lutadora, destemida, faz o que tem que fazer, diz ‘não’ quando precisa e reconhece seu valor. Enquanto a outra, o seu ‘real’, se submete a coisas que não quer fazer, a lugares que não quer estar, a pessoas que não te valorizam.” E assim eu fui misturando a vida real com a liberal, equilibrando a cautela da “real” com a irresponsabilidade da “liberal”.

Essa “crença” de que swing é uma fantasia que não pode se misturar com o mundo real, caiu pra mim quando percebi que eu sou uma única pessoa. Tenho um só CPF, um só rosto (mesmo quando uso perucas… kkkkk), uma só vida. Não tenho duas vidas, o Marcio não tem duas vidas, e você, amore, aceitando ou não, tem apenas uma vida. Uma.

Mente sã

Se você acreditar que o swing não é sua vida real, pode ser mais fácil fazer troca de casais enquanto rola a transição de pensamento – do tradicional para o liberal. Entretanto, mais cedo ou mais tarde, sua sanidade mental vai cobrar a unificação do real e do “ilusório”, principalmente se você não fica só no swing virtual. Você conversa com outras pessoas, você compra roupas, você se arruma, sai de casa e transa com outras pessoas. Isso é real. As outras pessoas são reais, as compras são reais, o sexo é real. Sabe o que mais é real? Essa prática te deixa bem feliz! (deveria pelo menos… kkkkk).

A negação, ou seja, transformar uma parte da sua vida em “fantasia, ilusão, irrealidade”, é uma forma do seu inconsciente dizer justamente o contrário: você tem tanta certeza de que é real que tem medo do que pode acontecer. E esse medo, queridos, não é fantasia: ele também é bem real. A sociedade ainda enxerga o prazer (no geral) como algo abominável, sendo o swing e outras práticas liberais cheias de preconceito.

Assumindo pra si mesmo

Quando uma pessoa se assume swinger, ela corre o risco de passar por mudanças na vida que ela não queria ter. É difícil lidar com elas se você não estiver preparado.

Agora, muita atenção ao que vou dizer: assumir-se swinger não é, necessariamente, sair contando pra todo mundo o que você faz. É aceitar que o swing te faz bem, melhora o teu relacionamento e que é por isso que você anda tão feliz ultimamente. Assumir qualquer coisa fora do padrão é parar de dividir a própria vida em realidade e fantasia, porque o swing – ou menage, cuckold, poliamor… – não te define, mas é parte integrante da sua vida real.

Beijossssssss

 

Curiosidade:

A foto usada no post faz parte de um projeto de Sophia Vogel. Mesmo não tendo o tema “real x liberal” como foco do projeto, as imagens retratam perfeitamente o quanto é ilusório querer dividir nossa vida em duas. Ou mais…

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2 Comentários
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Marcos A.
3 anos atrás

Olá meus caros.
Observando de fora do mundo liberal, me corrigi se eu estiver muito fora, mas vejo o swing com uma intimidade do casal. A diferença de um casal que vive no mundo PB está que ficamos entre 4 paredes e o casal swinger vive no mundo liberal mas não deixa de ser a intimidade do casal. Tentando melhorar minha explicação, o casal liberal enxerga o sexo além das 4 paredes.
Quanto o seu nome real sendo totalmente diferente eu tentaria adivinhar como Creuza Aparecida e o Marcio como Gilvanildo Antonio, kkk brincadeira.
Um abraço.