Orgasmo Compulsório

Parece que quanto mais a gente cresce mais obrigações a gente tem. Aliás, parece não, é a mais pura verdade. A responsabilidade de ser adulto traz embutido uma série de obrigações, que são coisas que a gente nem gosta muito de fazer mas tem que fazer pra conseguir alcançar um objetivo. É assim quando a gente aguenta aquela call chatérrima de trabalho ou passa o natal na casa daquele cunhadão FDP. Fato é que a gente já se obriga a tanta coisa que não sei até que ponto vale a pena se cobrar para ter um orgasmo.

E tenho a sensação que cada vez que se fala em orgasmo rola uma espécie de obrigatoriedade, como se a gente não tiver um orgasmo toda vez que rola um pega, vira um alienígena: oooohhhh… você não gozou… Claro, seria muito bom que todo mundo sentisse pelo menos uma vez na vida esse prazer intenso que é o orgasmo, mas daí a querer que ele aconteça porque TEM que acontecer é outra história; ainda mais quando a gente traz o orgasmo para as relações com ‘terceiros ou quartos elementos’ envolvidos.

Vamos lembrar que para chegar ao orgasmo o corpo passa antes por uma fase de desejo e outra de excitação: um olhar, um cheiro, um jeito de andar, de dançar, de sorrir… sabe aquela coisa toda de sedução? Pois é, tudo isso faz despertar o desejo. A fase da excitação é a hora das preliminares: beijos, carícias, toques… o corpo vai respondendo automaticamente aos estímulos que recebe. E continua de uma forma crescente até chegar à fase do orgasmo, o ponto alto do sexo. Esse tempo entre as preliminares e o orgasmo varia muito de pessoa pra pessoa. Aqui não tem distinção de gênero, tanto homens quanto mulheres podem chegar rapidamente ao orgasmo quanto demorar bastante ou mesmo não atingir. E nem por isso o sexo deixa de ser bom, entendem?

Tudo faz parte do ato sexual e não apenas a penetração e o orgasmo; tudo deveria dar prazer tanto para quem provoca quanto para quem recebe. No swing, o prazer que reside nas fases anteriores ao orgasmo é tão bem trabalhado (desejo e excitação) que ter um orgasmo na troca não deveria ser obrigatório em hipótese nenhuma. Aliás, o orgasmo nunca deveria ser encarado como obrigação, afinal quanto mais preocupados ficamos em gozar, mais estresse se acumula, resultado? O tesão vai para o brejo.

Para muitas pessoas que se dizem swingers, é mais prazeroso ficar nu em público do que transar; para tantas outras, é mais prazeroso dançar sensualizando do que transar. E para mais um montão de gente, é muito mais prazeroso seduzir do que transar. Por isso se vê tantas pessoas frequentando baladas liberais sem efetivamente ir para as salinhas em busca do sexo penetrativo. Por isso se vê tanta gente que curte o ambiente liberal mas não faz troca, menage ou qualquer outra prática sexual liberal.

O lance é que a ideia de atingir um orgasmo é tão gloriosa (e muitas vezes até romantizada) que quando ele não acontece nos sentimos incapazes, principalmente quando é o nosso parceiro de transa que não goza. O pensamento sempre é de que nós é que fizemos alguma coisa errada: não estamos tão gostosos ou não soubemos fazer direito. Que atire a primeira pedra quem nunca pensou nada parecido… hehehehe! E vamos combinar que uma pessoa que você conheceu a 15 minutos atrás dificilmente vai saber seus pontos fortes (ou seria fracos? rsrs) pra te fazer gozar logo de cara.

Talvez seja hora de pararmos de querer que tudo na vida seja perfeito, que todas as transas virem orgasmos múltiplos e que todo swing vai ser a melhor foda da vida. O nosso tão conhecido “tudo é permitido, nada é obrigatório” precisa valer também para os nossos orgasmos. Que o swing seja nosso lazer, nossa diversão, nosso playground; pra que seja cada vez mais divertido.

Beijosssssssssss

 

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