É Amor ou Obrigação?

Deve ser efeito da quarentena… nah… não é não: é efeito da minha paixão pela vida e pelos amores mesmo! Desde sempre sou fascinada pelas relações humanas, mesmo adolescente eu preferia mil vezes ficar sentada na calçada olhando as pessoas do que assistindo televisão. TV me dá dor de cabeça, pessoas me energizam. Na faculdade optei por me especializar em terapia de casais porque as formas como as pessoas lidam com o amor me cativam. O tempo todo.

Eu tenho um quê de romântica, confesso! Tenho essa facilidade de enxergar nos outros seus pontos bons – mesmo quando são bem poucos. E me peguei pensando em uma coisa que acontece com frequência no swing e que as pessoas tem dificuldade de entender: o sexo por obrigação.

Não queridos, não estou dizendo que se deva fazer swing (ou qualquer outra coisa sexual) por obrigação; mas estou confirmando que isso acontece. Muito. E muitas vezes, quem está de fora não entende. Aliás, quem está fazendo por obrigação pode, também, nem saber que está transando por obrigação. Calma que eu explico!

Eu e o Marcio temos nossas diferenças e também discutimos; mas no geral nos consideramos um casal bem entrosado e resolvido. Já aconteceu, várias vezes, de eu trepar com um marido só porque o Marcio estava afim da esposa; como também já aconteceu dele pegar a esposa só porque sacou que estava afim de ficar com o marido. E em nenhum momento nos sentimos na “obrigação” de fazer isso – fizemos porque amamos o outro.

E quando você toma uma atitude baseada no amor que você sente por alguém, o sentimento que brota em você depois da ação é um sentimento bom, alegre, que te coloca pra cima por ter feito aquela pessoa feliz.

E essa, amores, é a grande diferença entre fazer por amor e fazer por obrigação: uma te deixa feliz, a outra te deixa puto. A ação é exatamente a mesma, mas a sua intenção ao fazê-la traz um resultado totalmente diferente.

Às vezes a pessoa está mal, pra baixo, achando que a namorada só quer que ele faça swing pra poder ficar com outros caras; e acredita piamente que, se ele praticar o swing, estará salvando o relacionamento dele. Então ele até faz a troca de casal, mas volta pra casa se condenando, se sentindo a mosca da titica da galinha, achando que foi a pior coisa do mundo. Ele só fez porque se sentiu obrigado a fazer. O resultado, invariável, é uma leva de sentimentos ruins.

Agora imaginem o mesmo caso: um cara recebeu a proposta da namorada para fazer swing. Ele olha pra ela e sente o tesão com que ela fala em ficar com outro, vê o brilho nos olhos dela ao falar de uma casa de swing, sente a felicidade dela ao separar a roupa que vai usar. E então ele pensa: uau, como ela está feliz. E como o simples pensamento do swing a deixa brilhando de felicidade! Eu vou fazer só pra vê-la mais feliz ainda. Então ele faz a troca de casal, sem muita vontade pessoal, mas ele percebe o quanto a namorada está feliz. O resultado, invariável, é uma leva de sentimentos bons. Ele fica feliz. E volta pra casa sorrindo, pensando “até que esse negócio pode ser bom”.

“A melhor parte de ver o outro feliz é saber que a culpa é toda sua”. Marina Rotty.

E assim se alimenta um relacionamento: um cede daqui, outro cede de lá… por amor! Casais que cedem por obrigação precisam rever a relação, pois obrigações – dentro do contexto liberal – se tornam pedras no caminho. E nem preciso dizer que muitas pedras, amontoadas, separam pessoas.

Está na dúvida se o sexo que você faz é por amor ou por obrigação? Perceba se você volta pra casa sentindo um monte de coisas boas ou um monte de coisas ruins. Lembre-se: só não tem jeito para a morte; de resto, tudo pode se resolver!

Beijosssssssssssss

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Anônimo
4 anos atrás

Puxa, me identifiquei, mas de maneira negativa. Eu sempre curti a ideia do swing. Demorou anos até minha esposa parar de achar que isso era uma frustração de adolescente que não pegou ninguém e, mesmo depois de ela entender melhor, não consegui contagiá-la com a minha vontade. A gente até chegou a fazer uma vez e ela disse que foi legal e que ela não se agrediu como imaginava, mas não chegamos a fazer de novo. Depois, me abri também à ideia de relação aberta (poliamor), finalmente aprendi a pegar mulher e fui à caça sozinho. Novamente, o bem que… Read more »

Casal SR
4 anos atrás

Nossa, me identifiquei muito com o texto, tem muito a ver com meu início no swing. Há muitos anos, tinha uma namorada que adorava a ideia de conhecer o meio, ela vivia insistindo para irmos. No começo fui relutante, mas o que me convenceu foi ver a empolgação dela, acabei indo porque notei que a ideia fazia muito bem a ela. Fomos algumas vezes, observávamos, ficávamos entre a gente e aquilo foi se tornando cada vez mais prazeroso para mim, dali para as trocas/menage/suruba foi um pulo. Ficamos juntos mais 5 anos, nos separamos (hoje somos grandes amigos) e continuei… Read more »

Felipe
4 anos atrás

Excelente perspetiva! Me ajudou a ter linguagem para conversar com minha parceira.

Obrigado!

Homem de Gravata
4 anos atrás

QUE TEXTO MARAVILHOSO! Não faço parte desse universo liberal, mais tenho me apaixonado por esse blog. Entro todos os dias com expectativa de um novo conteúdo e a cada nova postagem paradigmas são quebrados! Essa reflexão cabe em toda e qualquer relação humana e me fez perceber o quanto eu desconheço o ser humano… Quando alguém do universo PB (aprendi isso aqui rs) pensa no mundo liberal, jamais passaria pelo seu mais remoto pensamento um texto com tamanha sensibilidade. Marina, de fato você é uma delícia de mulher! Mas, mesmo sem ao menos conhecer o brilho dos seus olhos, o… Read more »