Nada a Perder

Da série expressões que se falam no meio, o nada a perder é uma que eu mesma já soltei inúmeras vezes para me referir a singles. Porque quando entramos para essa vida colorida, tínhamos a ideia (errada, diga-se de passagem) de que o swing era só para casais.

Com o tempo fomos mergulhando mais e mais nesse universo paralelo até chegarmos à compreensão que temos hoje (e que repetimos diversas vezes no blog) de que existem dois significados quando as pessoas usam a palavra swing. A primeira é a prática da troca de casais, preferencialmente entre dois casais que tem algum vínculo importante entre si; a segunda é o mundo do swing, que envolve toda e qualquer prática de sexo não convencional. E para essa segunda ‘definição’, solteirxs são essenciais.

Voltando um pouquinho no tempo, tanto nós quanto outros casais com os quais praticávamos swing, tínhamos esse costume de dizer que solteirxs não tem nada a perder. Era super comum, de praxe, quando surgia o assunto ‘single’ nas rodinhas, que o consenso geral fosse “bah… eles não tem nada a perder”.

Mas no fundo, analisando bem, não passava de uma justificativa para segurar os próprios impulsos e não sair fazendo no swing tudo o que se tem vontade, afinal, casais teriam muito a perder. Marido/esposa, filhos, casa, carro, uma vida inteira construída ao longo dos anos de relação para colocar “tudo” a perder num impulso de prazer. Já os singles não teriam nada disso: seriam livres para fazerem o que bem entendem, daí a expressão nada a perder.

Hoje quase não se ouve mais esse termo, e eu só lembrei disso porque ouvi recentemente um casal dizer e me veio um deja vu. Foi então que eu pensei o quanto estávamos errados. Porque por mais que a gente pense que temos um relacionamento estável, seguro e com muita base, não temos a menor ideia do que se passa na vida do outro para lançar tamanho julgamento.

Até porque, todo mundo tem alguma coisa perder e não podemos achar que somos tão mais abençoados do que o outro a ponto de sentar no troninho e sair dizendo “esse tem tudo a perder, esse não”. Na verdade, pela minha perspectiva, uma pessoa que não tem nada a perder seria muito mais abençoada, já que ela viveria uma vida muito mais livre de responsabilidades do que eu, você ou qualquer um que tem a audácia de assumir as próprias ações, certas ou erradas.

No fim das contas, em todos esses anos de swing convivendo com solteirxs e casais, só posso concluir uma coisa: todos tem alguma coisa a perder. Casais são mais felizes no swing porque tem um ao outro. Pode não parecer muita coisa quando tudo vai bem, mas na hora do aperto – de uma camisinha estourada, de uma tentativa de estupro – um está sempre ali para o outro. Solteirxs não tem ninguém.

Se dá um BO na casa de swing, pra quem é que a mulher sozinha vai pedir socorro? Por mais que tenha seguranças em todas as casas e seja mesmo um lugar bem mais tranquilo do que uma balada normal, tem que ser um mulherão da p** pra suportar o desconhecido sem apoio. Tanto é que a maioria delas só vão às casas acompanhadas de um casal amigo ou um single amigo em quem confiem.

Penso que a questão do perder não está no tudo ou nada, mas sim em saber o que é importante para você. O que para uns é “nada”, para outros pode ser “tudo”. Até onde estamos dispostos a arriscar nosso “tudo” por uma noite de swing? Ou será que você, seja casal ou single, está mesmo nessa vida porque não tem nada a perder?

Beijosssssssssssssss