Swing e a Mudança de Pensamento

para praticar swing é preciso um processo de mudança de pensamento.

Já há algum tempo eu quero falar sobre o processo de entrada no swing; não em passos ou dicas, mas na questão psicológica. Até por isso chamei de processo, pois acredito que deva existir uma mudança de pensamento (do PB para o colorido) antes que você possa se olhar no espelho e dizer “eu sou swinger”. E como toda mudança, não será da noite para o dia que você e seu companheiro farão sexo com outras pessoas como se fosse a coisa mais comum do universo; porque não é – porque não fomos ensinados assim.

Desde que nascemos somos bombardeados de informações que nos levam a acreditar que só existe amor se houver ciúme, se formos casados, se fizermos barracos, se for entre homem e mulher… e tantas outras regrinhas sociais que nos são apresentadas – e ditas como verdades absolutas. E nós as assimilamos, afinal, todo nosso círculo social as cumpre, quem somos nós para desafiá-los?

“Vamos sendo construídos socialmente, socializados de certa maneira para passar a desejar o que está autorizado, e temos a impressão de que aquele desejo que se manisfesta aos 30 anos de idade é fruto de nossa mais genuína natureza desejante. Quando, na verdade, é o resultado de uma acomodação que vem sendo feita ao longo de um processo civilizatório complicado, em que, dia a dia, vamos sendo aplaudidos e vaiados e, portanto, alegrados e entristecidos, com base naquilo que demonstramos como inclinação afetiva.” (O Que Move As Paixões p.42 e 43)

É preciso coragem para ser diferente quando temos em nosso DNA de ser humano a necessidade de pertencer. Buscamos ser aceitos o tempo todo. Por mais que ser diferente esteja na moda, “passa-se a história, passam-se as sociedades, os critérios podem mudar um pouco, mas o fato é que, muitas vezes, pra amar é preciso ter colhão para enfrentar um mundo que está contra nós” (Clovis de Barros Filho). E quando a gente acredita que praticar o swing é a melhor opção para nosso casamento, é preciso coragem para assumir; não para os outros (ninguém tem nada a ver com suas opções de vida) mas para si mesmo.

Afinal, passamos a vida toda num processo dizendo que sexo fora do casamento é o fim do mundo, que traição é normal e que ninguém vive feliz depois que se casa. São tantos anos de treinamento psicológico que a sociedade nos impõe que nada será apagado tão cedo. E espero que não seja apagado mesmo, porque só assim é possível lembrar de como éramos antes, vivendo nos mesmos padrões que todo mundo, e comparar com a vida no swing.

Cada vez que eu faço isso, que eu olho para trás e lembro da Marina antes do swing, dou graças a Deus por ter encontrado um caminho que me trouxesse mais felicidade enquanto ando por ele. Hoje eu posso dizer que tenho um casamento feliz, que posso contar com meu marido pra qualquer coisa mesmo, e que se não fosse o swing em nossas vidas, certamente já estaríamos separados.

Não porque a gente queria fazer sexo com outras pessoas, mas porque o swing mudou nossa forma de pensar, de encarar as relações humanas, de ver o mundo como um todo. Antes, a vida era trabalho, igreja, família; nunca o marido ou a esposa. Ta bom, vai… uma noite por ano pra comemorar aniversário de casamento. De resto, viagens com os filhos e parentes, trabalho 8 horas por dia e o restante cuidando da vida espiritual – pra poder ir pro céu quando morrer.

Não estou falando nenhuma novidade, amores, basta olhar qualquer casamento ao redor de vocês que verão exatamente as mesmas características. E olhem bem de perto, nos olhos dos casados, para ver que não existe uma fagulha sequer de esperança. A vida para eles é chata e pedante.

Quando o swing entrou em nossas vidas, nos fez ver que é possível sim pensar diferente dos outros que nos cercam. Temos a sensação de que quando eles “vêm com o milho” nós já estamos “voltando com a farinha”; olho para os casais em “crise” e sinto que nossa relação vive em algum tipo de plano superior. São como crianças no aspecto emocional, enquanto nós, swingers, estamos numa espécie de pós-graduação.

Porque ninguém pratica swing sem ter um upgrade na forma de pensar. A gente começa pensando um pouco fora da caixinha (claro, pra pensar em swing já tem que estar um pouquinho à frente da sociedade PB) e com as vivências que vamos experimentando, adquirimos conhecimento suficiente para subirmos mais alguns degraus.

Eu gostaria de ver um estudo neuropsicológico sobre como age o cérebro no momento da troca de casais, para saber como se iluminam os hemisférios enquanto acontece o swing. Imagino sinapses sendo criadas ou até mesmo refeitas, para podermos traduzir nossos pensamentos em ação. Ah, que coisa louca…!

Uns brigam, outros travam, uns amam, uns odeiam, uns choram, outros sorriem… tudo faz parte do processo, tudo é importante para que haja a mudança. Uns demoram, outros são rápidos, outros nunca chegam a mudar, de fato, a forma de pensar.

E aí a gente encontra pessoas no swing que estão em diferentes níveis do processo e não temos paciência com elas… porque esquecemos que já passamos por esse caminho? Porque não queremos nos lembrar de como éramos antes? Porque não queremos aceitar que chegaremos num nível avançado? Pode ser, pode não ser, quem sabe… eu? Nah… isso aqui são só pensamentos de uma psicóloga-swinger sem nada pra fazer…

Beijosssssssssss

 

FILHO, Clóvis de Barros; PONDÉ, Luiz Felipe – O Que Move As Paixões. 1ª ed. São Paulo. Papirus Editora, 2017.

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A&P
5 anos atrás

Perfeito o texto Marina, somos iniciantes, estamos apaixonados por esse mundo, pratica de swing é tudo de bom, mas esse mundo é pra quem tem uma relação muito sólida. Quanto mais nós vamos pra “farra” mais louco um pelo outro nos ficamos.

Khasal Eros
5 anos atrás
Reply to  A&P

showww… também pensamos o mesmo! E como mudamos

Flavio
5 anos atrás

Mas pensa num texto bem escrito. Parabéns e obrigado por compartilhar essa expertise de maneira tão clara e concisa.

Casal RB
5 anos atrás

Excelente texto, madrinha!!! 👏👏👏

JO&FE
5 anos atrás

Bom dia casal !!! concordo com você , e uma grande verdade ” o swing mudou nossa forma de pensar, de encarar as relações humanas, ” no meu casamento mudou muito, estamos mais confiante um no outro o ciúmes que antes era um problema agora quase nao existe e sim vemos nosso relacionamento um degrau acima do relacionamentos de outras pessoas, tudo porque mudamos a forma de pensar em nossa própria relação quebrando vários paradigmas que a sociedade, educacao, igreja etc,, nos passou desde de sempre, o swing nos deixou mais confiante do quanto a gente se gosta e como… Read more »

Iniciantes
5 anos atrás

Marina e Marcio, bom dia! Somos iniciantes e somos de outro estado, já fomos na Hot Bar e na Code Club e nossas experiências foram fantásticas! Queria uma dica de como tranquilizar a minha noiva a praticar sexo oral no próximo homem escolhido, ela adora, é perfeita no ato comigo, mas tem receio de fazer em outra pesssoa… e eu tenho muita vontade de vê-lá fazer em outro. Beijos e abraços!