Relacionamento Aberto é o Futuro

Uma das primeiras entrevistas que demos sobre swing foi para a rádio Eldorado FM, no programa Quem Somos Nós da Casa do Saber. Confesso que de todas as coisas para mídia que já fizemos, estar no mesmo lugar que vários dos maiores filósofos, professores e pensadores da nossa época ainda me soa como uma das maiores conquistas alcançadas por nós. Em um ponto da entrevista, Celso Loduca perguntou:

Celso: vocês acham que vai chegar um momento em que vai ser aceitável (ser swinger) socialmente, na reunião de pais e mestres da escola…? (E lembro que houve uma diferença de postura na hora, Marcio achou que sim e eu achei que não).

Marina: Pode ser que as pessoas sejam mais liberadas no sexo mas elas não vão assumir.

Celso: Acha que as pessoas vão com o tempo se acostumando com a ideia de que nós somos diversos?

Marina: eu acho que não

Celso: os preconceitos sempre serão maiores do que a ideia de respeito às opções de cada um?

Marina: Exatamente.

Celso: Tomara que você esteja muito errada!

Marina: Tomara mesmo!

Essa conversa tem cinco anos, queridos leitores, e hoje eu tenho o prazer (ui!) de vir aqui dizer que eu estava errada! Todo dia aparece um tópico sobre swing, relacionamento aberto, poliamor, menage no maior portal de notícias da internet. TODO DIA! Mais: famosos começaram a assumir publicamente que são adeptos de práticas liberais e não foram cancelados por isso. Esse comportamento há cinco anos era inconcebível. Há 15 anos então… impensável! Contar para um conhecido que você é swinger? Nunca! Mostrar o carão no maior portal da internet? Loucura! E rolava um medo coletivo – os mais experientes no meio botavam muito medo em quem começava – talvez pra garantir que eles mesmos não corressem nenhum risco de serem “descobertos”.

PARÊNTESES: Claro, amores, acredito que cada pessoa sabe de si e mais do que isso, é a única responsável por mostrar ou esconder o que quiser sobre sua própria vida. E ninguém, repito: ninguém, tem o direito de julgar e muito menos de dizer quando é hora de sair do armário.

Mas é justamente graças a esses loucos “aparecidos” que o mundo, hoje, não seguiu o rumo que eu esperava. O movimento gay é sem dúvida o grande responsável por enfiar goela abaixo da sociedade tradicional o conceito de respeito às diferenças. Ainda se vê muita gente intolerante, mas é inegável que a vida para quem escolhe ser diferente do padrão é muito mais tranquila hoje do que quando começamos no swing.

E os swingers é um dos grupos que viviam escondidos na clandestinidade que se beneficiou com essa abertura, mesmo que tímida ainda, mas com cada vez mais adeptos declarados por esse mundão. Porque está ficando claro para a filosofia, antropologia e outras áreas de estudo humano que o amor romântico é um mito e vai cair definitivamente por terra, é uma questão de tempo. No futuro é bem provável que as relações sejam liberais, de uma forma ou de outra, com exclusividade ou monogâmica, mas com a ideia crescente da importância de se manter a individualidade dentro de uma relação. O problema virá quando os envolvidos na relação tiverem individualidades muito diferentes, mas aí já é um problema para discutirmos no futuro – um bem próximo, mais próximo do que eu imaginava… hehehehe.

Ou não, pode ser que muitos de vocês já estejam vivendo esse conflito de individualidades na relação. Basicamente você nota esse conflito quando um quer uma coisa e outro quer outra coisa; e nenhum dos dois quer abrir mão da própria individualidade. E nem deveria, na minha opinião: as relações liberais estão aí para que cada um possa viver sua individualidade sem ser massacrado por isso. Mas aí, claro, é necessário que os dois entendam a relação liberal da mesma forma, sem cobranças, julgamentos… utopia, Marina? Há cinco anos eu achava que sim, hoje eu acho que já tem muita gente vivendo essa utopia agora mesmo, enquanto digito esse post…

Beijossssssssss