O Swing Empodera

Desde que começamos a entender melhor como funciona a vida swinger, tanto eu quanto o Marcio admiramos o poder que a mulher tem no âmbito liberal. Muito – pra não dizer tudo – do que se fala hoje em dia sobre empoderamento feminino, nós já vemos acontecer naturalmente nas relações swingers. Coisas que parecem bobas, assim falando, mas a partir do momento que a mulher interioriza essas “bobagens” dentro de si, tudo muda de figura.

Esses dias li uma reportagem sobre a Madonna em que ela dizia: “Uma mulher se expressando sem medo e dizendo ‘Estou encorajando vocês a serem independentes, falarem o que pensam, expressarem sua sexualidade livremente, sem vergonha, não deixarem homens as objetificarem’, eu sei lá… Tudo isso parecia o jeito natural que as coisas deveriam ser. Mas, estranhamente, muitas feministas ainda me criticaram por isso e eu não tive nenhum suporte delas. Elas pensaram que eu não poderia usar minha sexualidade para me empoderar. Mas eu acho isso um lixo porque minha sexualidade é parte de mim, como mulher. Não era a única coisa que eu tinha a oferecer, não era minha única arma e não era o único assunto que eu falava”.

Lembro que era adolescente quando a Madonna estourou seus primeiros sucessos e ai de mim se alguém me pegasse ouvindo as músicas dessa “depravada” que só fala de sexo. Eu ainda não entendia muita coisa da vida, mas não conseguia sentir nada de errado nas músicas dela. Nunca imaginei que eu, hoje, me sentiria exatamente como ela!  Quando vejo tantas mulheres seguindo meu caminho, curtindo as minhas atitudes, admirando meus posicionamentos… ei… eu uso meu corpo e minha sexualidade sim; e isso não me faz menos feminista ou menos empoderada.

Porque desde que o mundo é mundo ouço mulheres mais velhas me “ensinando” como ser boa: não cruze as pernas, não sente de pernas abertas, afine a cintura, fique magra, use salto alto… caralho… que porre ser mulher! E quando os homens separavam as mulheres em “boa para casar” e “boa para curtir” era a coisa mais confusa do mundo: pra ser “boa” para um tem que transar, para o outro tem que não transar. Qual o sentido disso?

Usar o sexo para se empoderar era algo que até pouco tempo atrás eu achava impossível, porque o sexo ainda tem seus tabus, mesmo quando o assunto é saúde física e/ou emocional. Se mostrar o corpo é vulgar, se transar no primeiro encontro é puta… e quando tudo isso é uma escolha da mulher, sabem como chamam?

EMPODERAMENTO!

Essa palavra já diz tudo, né gente. Quando a pessoa tem o poder, ela está empoderada. E a forma como o swing depende que todos os envolvidos estejam afim de fazer seja lá o que for, dá poder à mulher e equaliza a relação entre os gêneros. Vamos de questões práticas para entender melhor a situação:

Não é novidade pra ninguém que eu sempre gostei de dançar no balcão. Na verdade, desde a primeira vez que entrei numa casa de swing e vi a mulherada lá em cima eu quis fazer o mesmo. Marcio nunca teve problemas com isso também, pelo contrário, sempre me incentivou a subir. Porém, ficava de guarda-costas ali embaixo e não deixava que nenhum outro homem encostasse a mão em mim. Na cabeça dele, era proteção; na minha, era controle, já que impedia que eu escolhesse se queria ser tocada ou não. Nada que uma conversa não resolvesse o problema, né? Mas eu tive que sentar com ele e dizer que tem vezes que eu quero sim que outros homens passem no meu corpo enquanto eu estou dançando. Ele já não fica mais de segurança particular quando eu subo, o poder agora é todinho meu quanto a deixar que me toquem – ou não.

Quando seu marido te pergunta se você pensa em transar com outra pessoa ele está te oferecendo poder. Quando ele pede para você escolher com quem vão se relacionar na balada ele está te dando poder. Agora veja a diferença: quando seu marido diz que só vai sair com você se usar aquela roupa que ele comprou, o poder é dele. Quando ele pede pra você beijar outra mulher porque ele quer muito – e você faz só para agradá-lo, o poder ainda é dele.

“Tudo nesse mundo é sobre sexo, exceto sexo. Sexo é sobre poder.” já dizia Oscar Wilde que alguém sempre estará com o poder quando o assunto é sexo. Numa relação ideal os dois tem poder de escolha, e mesmo durante um conflito onde um tem que ceder, essa concessão não deixa de ser empoderada SE quem cedeu escolheu ceder. Conseguem ver como a prática do swing é uma ferramenta de empoderamento? Swing empodera sim, eu sou prova viva disso e vocês, queridos, também podem ser. A escolha (o poder) é todinha de vocês.

Beijosssssssssss

 

Fonte: https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2019/06/05/madonna-aos-60-por-mais-dificil-que-seja-nao-significa-parar-de-lutar.htm?cmpid=copiaecola

 

 

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Nefertiti
4 anos atrás

Mesmo pequena e baixinha, sinto esse empoderamento qdo estou lá no escurinho de uma casa de swing e o homem chega na minha orelha e pergunta “posso te pegar tbm?”…

Qdo vejo e sinto esse respeito e essa humilde pergunta, me sinto a maior, super, segura e poderosa mulher!

Posso tudo, e ninguém me impede!💪

Bjs, Poderosa Marina!

Camila Voluptas
4 anos atrás

Textão que merece ser compartilhado! Adorei Ma! Isso aí, empoderamento define as mulheres liberais!

Casal Brasília
4 anos atrás

Marina, é exatamente assim que eu penso e mais, esse é o meu jeito de ser feminista. Não que feminismo se resuma a sexo, longe disso, mas se colocar na mesma posição de poder de um homem e assumir o que você quer, sexualmente falando, é libertador. Desde que vestimos a camisa do meio liberal me sinto mais confiante e empoderada.

Jota e Ri
4 anos atrás

Poucas vezes li um texto tão interessante, e ao mesmo tempo, verdadeiro . Aliás, o texto de vcs sempre é muito elegante .

Sra RB
4 anos atrás

E quando eu não achava que você poderia ser mais maravilhosa… pah!!!
Obrigada por abrir esse caminho pra nós!!!