E qual relacionamento sobrevive à verdade? No segundo em que ouvi essa pergunta na TV eu já tinha a resposta: um relacionamento swinger. Porém, logo após responder pra mim mesma, sem pensar um segundo, não consegui tirar essa pergunta da cabeça. Será mesmo que uma relação swinger sobrevive à verdade?
Em teoria, para que um casal passe para o lado colorido da vida, os dois parceiros precisam conhecer seus desejos mais íntimos – daqueles que a maioria dos PB´s nem sonha contar para o marido/esposa. Alguns deles nem sonham nada, e de repente, vem o parceiro e propõe que os dois transem com outras pessoas.
A verdade, neste caso, é que um dos dois quer experimentar outras formas de sexo; o resto, supõe-se que seja verdade porque é o que o outro, aquele que recebeu a proposta, disse ser verdade. Mas pode muito bem não ser.
O parceiro que ouviu a proposta de abrir a relação pode ter aceitado conhecer o swing simplesmente por medo de perder o amado. Ele, também, pode não ter dito que já pensava nisso há muito tempo por medo de ser julgado; ele, ainda, pode esconder que prefere um poliamor ao swing para evitar críticas. Tudo o que o parceiro que propôs swing pode fazer, é esperar que o outro diga o que deseja de verdade.
Até porque, se a base do relacionamento swinger é ser honesto com o parceiro, qual a vantagem em viver algo tão especial se a pessoa não for honesta consigo mesma?
Diferentes “verdades”
Sendo assim, é preciso estar atento a alguns pontos sobre diferença de opiniões:
O primeiro deles é aceitar que o outro não pensa como você. E graças a deus por isso senão você estaria beijando espelhos por aí. Assim você amaria a si mesmo e não teria que lidar com o inconveniente trabalho (e bota trabalho nisso, hein!) de abrir mão de coisas que você julga importante para que outro seja feliz.
O segundo ponto é entender que a visão de mundo que o outro tem não depende de você. Nada do que você faça, compre ou diga vai mudar isso. O outro pode – e provavelmente vai – ouvir o que você tem a dizer e talvez seja influenciado por você em algum aspecto mas… a decisão, seja ela qual for, é só dele.
Sua verdade, a verdade do parceiro e a verdade da relação.
E como é difícil aceitar que um não tem poder sobre o outro…! Porque é exatamente isso o que o ser humano quer em um relacionamento: que o outro faça sempre o que você quer, aja sempre como você quer, fale somente o que lhe convém. Em outras palavras, que a pessoa “amada” acate a verdade dele como única e absoluta, respondendo sempre – e somente – “sim, amo”. (para quem não percebeu, contém ironia… rsrsrs).
PARÊNTESES: É o resultado do amor romântico, aquele que se aprende desde pequeno que o outro será o amor da sua vida. Logo, se o amor da vida não é como se esperava, não há vida. Querer controlar o parceiro é praticamente um ato de autopreservação: ou o outro faz o que se espera dele ou a morte é a única solução. Trágico, né?
Um relacionamento swinger sobrevive à verdade? Sim, pode sobreviver; de fato, tem muito mais chances de sobreviver à verdade do que um relacionamento preto e branco. Desde que ambos os parceiros entendam E ACEITEM que eles são diferentes, portanto, podem querer coisas diferentes, buscar coisas diferentes e abrir mão de coisas diferentes.
E o que é verdade?
Lembrando que a verdade nua e crua não está em uma fantasia sexual. Para o swinger é relativamente fácil dizer o que quer fazer – ou não – numa transa; mas quando a verdade passa para o âmbito emocional ela nunca é fácil de ser encarada – basta ver o tamanho do esforço que os swingers fazem para separar amor de sexo.
Pensando em tudo isso fica mais difícil dizer qual relacionamento pode sobreviver à verdade porque não há certeza do que é verdade. Apenas é possível supor, o tempo todo, que tudo o que as pessoas dizem é verdade. Se é mesmo, talvez ninguém nunca saiba, talvez ninguém queria saber.
Talvez seja melhor sentir as dores de que o outro não é como si mesmo, do que beijar espelhos frios.
Talvez seja melhor viver a mentira de que o outro é exatamente como se imagina.
Talvez seja melhor encarar a sua verdade absoluta e viver sozinho.
Dizer a verdade é uma decisão pessoal e intransferível, sobreviver à verdade é um ato de amor. O que você vai escolher hoje?
Beijosssssssssss
Muitas vezes, a verdade é Implicita! Quando o casal percebe que o prazer Não existe ou Não é intenso, sabe que alguém suprirá essa lacuna! Especialmente quando o marido esteja penetrando um homem cisgenero, será que existem tantas esposas liberais, ainda que socialmente digam que aceitam? Depois de alguns jantares: meu colega, esposa dele e eu, discretamente no restaurante, fui convidado ao café no apartamento deles. Como demorava para sair o café, fomos transando no chamado quarto de solteiro, em sofá. Acabou ela discretamente abrindo a porta do quarto no momento em que eu estava sendo penetrado! Depois tomamos café… Leia mais »
Lendo o texto vieram várias reflexões a minha cabeça. Talvez ligadas ou não as reflexões que vc fez… A pergunta que desencadeia o texto é capciosa, e na minha mente parte da premissa de um relacionamento monogâmico tradicional, em que o acordo já é pré estabelecido e as regras não são estabelecidas e discutidas livremente pelas partes. Relacionamentos liberais partem da premissa que as regras devem ser debatidas, discutidas, com base no desejo de cada um do casal. Então acho que a premissa do relacionamento liberal está mais fundada na verdade que o relacionamento tradicional. Na verdade do desejo real… Leia mais »
Adoro suas empolgações! kkkkkk E também gosto muito do “confessionário” que a Regina traz à discussão sobre relacionamentos saudáveis. Essa coisa de ter que contar tudo um para o outro, ainda é fortemente defendida por muita gente em busca da “verdade” na relação. Valeu por pontuar que relacionamento não é confessionário.
Beijosssssssssss
Acredito que quando se abre uma relação NÃO HÁ espaço para omitir algo do parceiro, pois quem estabeleceria o que pode ou não ser dito? o que pode ou não ser omitido? Então, para mim o jogo tem que ser claro, aberto, com todas as cartas a mesa.
É um assunto complexo. Será que após aceitar uma abertura no relacionamento não entram novas variáveis que balançam a relação? A minha opinião é que sim. A não ser que você tenha sempre relações com pessoas desconhecidas, acredito que se na jogada entra pessoas do ciclo social a coisa muda. É inevitável vir na cabeça o “E se eu tivesse com aquela pessoa?’ ou talvez o “E se eu abrisse meu mundo?”. A sexualidade é algo importante e algo que anda em paralelo com a relação. A minha experiência no último relacionamento me diz que isso pode ter afetado, o… Leia mais »
Interessante seu comentário. Acho muito difícil que nunca, ninguém, tenha pensado “e se eu tivesse com aquela pessoa”. Penso que o lance da “verdade” é não ter que omitir esses pensamentos do parceiro. Afinal, a imaginação é um pensamento que vem, a gente assiste como se fosse sessão da tarde, e segue a vida real. Um alerta: imaginações muito persistentes costumam ser sintomas de problemas maiores. Aí vale a pena fazer uma análise mais aprofundada da relação.
Beijossssssssssss
não, eu não vim aqui pra comentar sobre o post, vim pra dizer que com essa foto fica díficil querer ler o artigo ahahahahha…… parabéns marina, sempre , muito sempre gostosa…pqp!!!
hahahaha!
Beijossssss