Um motorista de aplicativo levou eu o Marcio e mais um casal para a praia do Pinho e durante a viagem resolveu compartilhar sua sabedoria como morador da região conosco. Começou dizendo que estava “pressentindo” que levaria alguém para o Pinho naquele dia, mas que a porcentagem de quem é naturista naquela praia era de 30%; os outros estariam atrás de swing.
Segundo ele, a cidade de Balneário Camboriú tem uma cultura swinger bem forte, inclusive a maior casa de swing da América Latina fica lá.
— É mesmo??? — respondi em tom de ironia, pra dar corda mesmo.
— Sim — ele confirmou e continuou falando sobre os swingers, o que gostam de fazer, onde costumam ir. Como parecia que ele sabia de muita coisa e estava falando bem à vontade sobre o assunto, abrimos nossa condição pra ele e dissemos: somos swingers. E perguntei, de curiosidade, o que ele pensava sobre a prática. E o cenário que parecia ser livre de preconceitos, revelou-se um turbilhão de cultura inútil.
— Eu acho que vocês são loucos! Vocês consomem pornografia?
— Sim…
— Porque eu ouvi alguém dizer na rádio que quem consome pornografia tem dois caminhos: ou vira swinger, essas coisas, ou vira gay. E isso é a mais pura realidade, já que estamos em cinco pessoas aqui no carro, quatro delas consomem pornografia e as quatro são swingers.
Quem dança é considerado louco pra quem não ouve a música.
Depois de tanta sabedoria, resolvemos deixar quieto, afinal, além de já estarmos chegando no destino, seria preciso uma aula para desconstruir essa afirmação categórica. E nem sei se valeria a pena, sinceramente, tentar explicar que não somos loucos para alguém que tem certeza que somos. Mas já tem um tempo que queria discutir o assunto pornografia aqui no blog e achei que seria um bom momento pra isso.
Até porque, se você também pensa que pornografia é um lixo que deve ser extinguida da face da terra, você não teria chegado até Marina e Marcio. Calma, gente, não vou defender o pornô porque sei o quanto ele pode ser prejudicial na vida de muita gente. Também não quero que ele suma do mundo porque eu sei o quanto ele é necessário na vida de muita gente – inclusive na vida de quem é contra a pornografia!
Porque pra começo de conversa, pornografia é relativa à moralidade; e estamos carecas de saber que a moralidade é relativa a crenças, aspectos religiosos, condicionamentos comportamentais, aprendizados sociais e tantas outras coisas que são únicas a cada pessoa, em cada cultura. O que uns consideram pornográfico, para outros é protesto; e para outros, ainda, é a natureza como ela é. Sem contar que hoje em dia, todo mundo produz e consome conteúdo pornográfico – atire a primeira pedra quem nunca mandou/recebeu um nude.
Pornô do mal ou do bem?
Mesmo em relação à indústria pornográfica é preciso tomar cuidado com o que – ou quem – considerar um erro de existência. Acompanho vários produtores de perto, já acompanhei produções do pornô e já vi cenas feministas maravilhosas sendo gravadas; cenas que podem muito bem serem tão educativas quanto prazerosas. A esmagadora maioria das pessoas no mundo não tem abertura para sequer falar a palavra sexo em casa, ou com amigos. E aprende o que é sexo e como fazer sexo através da pornografia.
É aí que entra o problema: filmes, vídeos e fotos que mostram violência, abuso, crimes e tantas outras parafilias prejudiciais à saúde de quem assiste ou mesmo de quem produz o conteúdo, devem ser combatidas na minha opinião. Porque vão mostrar uma realidade que não existe, uma submissão que não é consensual, um prazer que na verdade, é dor. Trata-se de uma linha muito tênue, afinal, o sexo em si é invasivo mesmo quando feito com todo amor e carinho.
A pornografia pode te levar ao vício, pode te ensinar a ser violento, pode te anestesiar para um sexo mais prazeroso; mas também pode te ajudar a entender como é que se faz sexo, pode estimular a tua libido, pode melhorar teu desempenho sexual. Tudo vai depender de como você encara a pornografia na sua vida.
O que fazer?
Shane Kraus, diretor da divisão do laboratório de vício comportamental da Universidade de Nevada, em Las Vegas, disse se preocupar por existir muita desinformação sobre o assunto (pornografia), o que pode levar as pessoas a se diagnosticarem erroneamente, afirmando terem um vício que não existe. “Como classificamos isso? Como tratamos? Ainda estamos trabalhando nesses problemas”. (Dez/2020)
Enquanto a ciência trabalha nisso, nós podemos trabalhar em nós mesmos. Até porque, mesmo que a ciência conclua algo sobre pornografia, ela ainda partirá do princípio de que é diferente pra cada um. Você passa horas se masturbando? Todos os dias? Em qualquer lugar? Não consegue mais se controlar? Afeta o seu trabalho, sua família, sua vida de alguma forma? Você se sente culpado depois de assistir determinados conteúdos? Se você respondeu “sim” para algumas dessas perguntas, procure ajuda. A pornografia pode estar sendo muito prejudicial pra você. Mas se você respondeu “não” para todas essas perguntas, na boa, amor: relaxe e goze.
Beijosssssssssssss
Ref: https://canaltech.com.br/saude/pornografia-cientistas-divergem-se-vicio-faz-mal-a-saude-fisica-e-psicologica-175602/
Olá meus caros.
Muito legal a abordagem sobre a pornografia. Hoje em dia é muito fácil acessar qualquer coisa sobre pornografia. Sou do tempo, entregando a idade, que para ter acesso a vídeos, fotos, revistas, etc não era tão fácil assim, mas muito divertido quando conseguia.
Se tem coisas que consideramos boas ou ruins, sempre vai ter quem consome então fica difícil falar o que é certo ou não.
Parabéns pela bela explicação, espero que surja várias dúvidas e uma nova matéria sobre o assunto apareça.
Um forte abraço.
Nossa Marcos… ainda tinha tanto pra falar que se fosse escrever todos os meus pontos de vista viraria um estudo! rsrsrs. Mas aqui, vamos com calma, refletindo por partes… rsrsrs
Beijosssssss