O Medo do Depois

“Agora que a gente fez swing, o Marcio é meu melhor amigo no Brasil?” era a dúvida do namorado. Ela era mais experiente no meio, mas ele era gringo, iniciante, nunca tinha feito uma troca de casal na vida e escolheram a gente para viver essa primeira experiência. Essa frase me deixou pensativa porque eu já escrevi tanto sobre swing mas nunca sobre o que fazer depois da troca.

Talvez porque pra mim sempre foi instintivo ou porque a gente nunca teve medo do depois do swing, mas o fato é que essa dúvida é tão comum em iniciantes que vale a pena trazer o assunto para discussão. Temos um casal que já frequentam o meio há algum tempo, mas ela sempre diz:

— Se eu transar com alguém, eu não olho mais na cara, perco a amizade. Não consigo…

E nós sempre respondemos:

— Então não vamos transar: preferimos mil vezes ter a amizade de vocês do que umas horinhas de sexo.

E não é só com casal que rola essa fobia do dia seguinte. Já ouvi muitx single com a mesma ideia do se transar, não olho mais. Não sei se isso seria só falta de educação (acho que rola culpa, vergonha… enfim, tabus ainda não quebrados), mas com a gente acontece exatamente o contrário: depois da troca queremos conhecer mais ainda a pessoa com quem ficamos! rsrsrs.

Estilo de Vida

Muito já foi falado aqui no blog e em outros lugares também, sobre o swing ser um estilo de vida – ele pode ir muito além do sexo entre casais. Pode parecer estranho, você pode ter feito uma careta nessa hora, você pode estar pensando que a Marina é doida, mas o tempo vai te provar que swing não é SÓ sobre sexo.

O pensamento mais comum de quem começa no swing é: vou lá, vou transar, volto pra casa como se nada tivesse acontecido. Esse começo é tão difícil para alguns casais que eles não trocam uma palavra sobre a transa que acabou de rolar. Outros nem querem saber o nome da pessoa que estava com eles no quartinho. E assim cada pessoa/casal descobre uma forma própria de lidar com o “medo do depois”.

O medo, amores, é uma emoção tão conhecida que chega a ser “parça” da gente, né? Mas o lance das emoções é justamente levar a uma ação (*a palavra emoção vem do francês émotion; do latim motio.onis. Ação de se movimentar, deslocar.) e para perder o medo do depois, você pode experimentar os seguintes passos:

1 – Transformar a emoção em sentimento

Você faz isso dando um “motivo” ao seu medo. Todo medo tem como base uma perda, sabendo disso, pergunte-se: eu tenho medo de quê? Perder o parceirx, a privacidade, a imagem de “boa esposa/bom marido”?

2 – Real ou imaginário

Depois de descoberto onde está o medo, pergunte-se: é real ou imaginário? Porque somos craques em imaginar coisas que não são necessariamente reais, mas se elas existem na nossa mente, então elas existem para nós (deu pra entender?). É importante conversar com seu marido/esposa/namoradx/parceirx pra saber se o medo que você tem é um medo dele também ou só existe pra você.

3 – Possibilidades

Quais as chances reais de acontecer o que eu tenho medo que aconteça?

4 – Ação consciente

Depois de respondidas as questões anteriores, avalie o que vale mais a pena pra você. Vale a pena transar e perder amizade? Eu quero fazer swing só pelo sexo? É legal manter uma amizade com benefícios? E então você está pronto para agir, pois o medo do depois já não parece mais tão assustador assim.

Uma coisa é certa: não conheço ninguém que enfrentou o medo do depois e se arrependeu. Em todos os casos que eu acompanhei, as pessoas entenderam que swing vai muito além do sexo. Eu e o Marcio nos consideramos swingers justamente por causa desse “muito além”. Swing envolve sexo, amizade, compreensão, troca de corpos, de olhares, de sensações; compartilhamento de viagens, culturas, experiências… Tudo isso é perdido com o medo do depois. Já não tá na hora de trabalhar esse medo?

Beijosssssssssssss

 

*https://www.dicio.com.br/emocao/

 

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3 Comentários
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Luís Mendes
9 meses atrás

Perfeito, Marina!
Eu e minha esposa tbm pensamos dessa maneira.
Excelente explanação.
Vc e Márcio são demais.

Roberto
3 anos atrás

Marina, parabéns pela texto de como aceitar o diferente.
Vc escreve muito bem!
Mais uma qualidade sua que me faz enaltecer o Márcio , por ter conquistado uma extraordinária mulher.
Bjs

Marcos A.
3 anos atrás

Olá meus caros.
Difícil comentar sendo de fora do meio liberal, voltando aos tempos de “baladas”, quando conhecidos falavam que haviam beijados 10 garotas, eu sempre perguntava se sabiam o nome de pelo menos uma.
O legal era dar uns beijos e saber quem era, conversar e conhecer um pouco, no meu caso, da garota.
Legal a explicação de vocês, acredito que se a transa foi boa vão querer repetir, se não foi paciência e que comece ali uma amizade e quem sabe mais pra frente uma outra oportunidade não seja melhor.
Um forte abraço