Como Aceitar o Diferente

Durante uma viagem paramos em um posto de combustível para abastecer o carro. Enquanto o frentista fazia seu trabalho, abrimos as janelas e dava pra escutar a música que tocava na loja de conveniência. Numa hora, começou a tocar uma música do John Mayer e eu fiquei super feliz, afinal, é um dos artistas que eu mais gosto. Mas nem terminou a introdução da música e alguém foi lá trocar para um sertanejo. Interessante foi observar a reação das pessoas: eu não gostei nada da troca, mas os funcionários da loja vibraram de alegria. 

Pensava comigo, meio indignada, como é que alguém troca John Mayer por… sei lá quem? E também respondia a mim mesma: provavelmente os funcionários da loja pensavam o contrário: como é que alguém troca João e Joãozinho por… sei lá quem? Afinal, quem era John Mayer para o funcionário, né?

O que serve pra um…

A gente aprende ao longo da vida que as pessoas são diferentes e gostam de coisas diferentes. Eu detesto suco de laranja com gominhos, acho terrível! Já o Marcio, adora. Então toda vez que rola suco de laranja aqui em casa a gente coa o que vai no meu copo e coloca todos os gominhos no copo dele. O problema é que a gente não sabe levar essa aceitação das diferenças para todas as esferas da vida – e vive em constante conflito uns com os outros.

Vivemos inseridos em comunidades, maiores ou menores, o tempo todo. Nossa vida começa numa comunidade pequena – família – e progride para outras das quais a nossa família já faz parte: religiões e escolas. Só mais tarde, depois de uns 10 anos pelo menos, é que começamos a escolher comunidades por nós mesmos: amigos, faculdade, trabalho, estilo de vida.

Conhecimento é tudo

E a gente escolhe as comunidades que queremos fazer parte porque conhecemos algo sobre ela que nos interessou. Para entrar, falar a respeito, debater e até mesmo criticar determinada comunidade, é imprescindível conhecer! Saber do que se trata, como funciona, o que acontece. De que vale a minha opinião sobre João e Joãozinho se eu nunca ouvi falar deles? Nem sei quem são, o que fazem? 

Por isso eu acredito que a vida ganha qualidade quando a gente se encaixa numa comunidade. Mais do que isso: somos seres sociais e buscamos contato com outras pessoas, alguns buscam mais, outros menos. Quando entendemos que o problema do suco com ou sem gominhos é irrelevante quando comparado ao amor uns pelos outros, ele deixa de ser problema. Ah, se todos enxergássemos as diferenças sexuais, pessoais, econômicas, raciais, (etc, etc, etc), como “gominhos” de laranja… 

“As coisas são simples, nós é que complicamos tudo com inveja, arrogância e orgulho.”

 

Beijosssssssss

 

Obs: Se você não sabe quem é John Mayer, segue uma playlist dele – que eu amo! Geralmente no fim da tarde eu preparo o ambiente aqui em casa: apago as luzes principais, acendo o abajur, velas ou outras luzes indiretas. Coloco a playlist do John (música “Moving On and Getting Over” pra começar), abro um vinho e curtimos uma horinha de descanso mental nesse clima. Fica a sugestão para o sextou no lockdown.

 

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40tao
3 anos atrás

Olá. Bonitas e pertinentes palavras. A intolerância compõe, junto com a culpa, a espinha dorsal da manipulação. Ser tolerante não é fácil, e envolve exercícios de auto-contenção. Mas também não quer dizer “liberou geral”, porque tem de existir um cerne quanto ao tolerável ou não. Beijos.