A Beleza e suas Dificuldades

É sério isso? Muito sério, caros leitores. O fim de semana foi agitado mas esse assunto vem me incomodando já há um bom tempo e eu tenho que falar sobre isso senão não consigo partir pra outro tópico. Peço que tenham paciência comigo! rsrsrsrs. O entendimento social diz que ser bonito é a coisa mais maravilhosa do mundo. Quem é bonito ganha mais, tem mais, consegue mais em detrimento de quem não possui tantos atrativos físicos. Não estou aqui pra dizer que isso não é verdade, pelo contrário, sei muito bem que por diversas vezes as pessoas só conseguem alguns “favores” porque são bonitos e chamam a atenção. Ganhar os melhores lugares num restaurante, entrar em baladas sem pegar fila, são alguns exemplos de vantagens que uma pessoa considerada bonita pode receber. Mas não é só isso. O que não podemos esquecer é que tudo na vida – tudo meeeeesmooooo! – tem dois lados. Se por um lado os bonitões saem ganhando, por outro eles saem perdendo. E nunca ninguém fala sobre os problemas de ser bonito, por isso (e por ter vivido muitos desses problemas pessoalmente) hoje resolvi escrever sobre o assunto e tirar de uma vez por todas essa ideia de que ser bonito é tudo na vida.

Não é, viu gente? Já repararam nas meninas gatíssimas que andam com o nariz empinado? Passam por nós e nem olham para o lado? Eu faço isso diversas vezes, assumo, mas faço porque toda a vez que tento ser simpática com quem ainda não conheço e dou um sorriso, a pessoa já supõe que estou a fim dela. Não larga do meu pé, não sai de perto, fica cercando, fica seguindo e algumas vezes chegam a forçar um beijo, um abraço ou uma transa. Se é uma mulher feia isso não acontece. Ela pode sorrir, pode ser simpática, pode engatar um bom papo que vai ficar nisso. Ela não tem que se passar por nojenta ou metida por medo de ter esse sentimento confundido com interesse real.

As bonitas não podem andar na rua com sua melhor roupa, principalmente em grandes centros de compra tipo a 25 de março. Quando eu vou pra lá coloco a minha pior roupa – às vezes até rasgada – pra conseguir olhar as vitrines em paz. Feira então faz anos que não coloco os pés em uma. É simplesmente insuportável ficar ouvindo aquelas “cantadas” horríveis a cada dois passos que a gente dá. Quando não tem jeito e eu tenho que ir a lugares assim, faço questão de não pentear o cabelo, calçar chinelo havaianas e me preparar psicologicamente antes de sair de casa.  Uma vez ouvi uma amiga muito bonita dizendo que só saía de casa com roupas largas, compridas e desleixadas – só pra não ser incomodada com cantadas e olhares. Mas quando a beleza da pessoa não é só no âmbito físico, nem sempre essas táticas funcionam.

Já fui abordada em estacionamentos de supermercado por homens “gentis” querendo “ajudar” em troca do meu número de telefone ou de um selinho. Ué, desde quando gentileza tem que ser paga? Quando uma pessoa quer fazer uma boa ação ela não espera nada em troca, se ela te cobra um pagamento é porque a ação não era tão boa assim, né? Daí vem a galera machista (que só faz isso porque foi ensinada a fazer assim e não pára pra pensar se é legal mesmo) e diz pra gente parar de reclamar, que a gente gosta de ser tratada assim, que a gente é privilegiada, que a gente vai sentir falta das cantadas na rua. Toma no cu, viu! É um saco não poder fazer uma caminhada em paz, não poder fazer compras em paz, não ter certeza se você tem um emprego porque é capaz ou porque sua aparência é boa. É um saco não poder cumprimentar os outros sorrindo, ser chamada de vagabunda porque não aceitou a piscadinha do motoqueiro ou ser literalmente agarrada pelo médico que se achou no direito de passar a mão no peito e na buceta porque foi simpática. O medo faz com que muitas mulheres lindas deixem de ser abertas, simpáticas, sorridentes e alegres. Faz com que elas se fechem em suas panelinhas porque ali se sentem seguras, faz com que empinem os rostos quando andam pelas ruas, faz com que não olhem pra ninguém nem sorriam pra ninguém. Faz com que vivam o tempo todo desconfiadas e inseguras, sempre com um pé atrás e um escudo invisível à frente.

Claro que estou generalizando e que existem exceções (tem gente que é chata mesmo, acha que é bonita pra caralho e gosta de todo esse assédio). Mas no geral, a pessoa bonita também sofre e eu acho isso o máximo. Sim, porque isso prova que somos todos iguais. Todos temos vantagens e desvantagens, não importa qual a área da vida a gente leve em consideração. Os bonitos também sofrem e a gente não pode esquecer disso quando vê alguém passando sem olhar para os lados. Essa pessoa pode apenas estar se protegendo. Não podemos esquecer disso quando alguém não conversa conosco, essa pessoa pode apenas estar se defendendo. Bora ter um pouco mais de compreensão antes de sair julgando as atitudes dos outros, principalmente se esse outro for alguém que você não conhece nem sabe das dificuldades que ele enfrenta.

Beijosssssss

 

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