O Anonimato no Swing

Anonimato é uma coisa interessante, pode fazer um bem danado e também um mal irreparável, dependendo de como, onde e porquê é usado. Mais interessante é ver que o swing entra nesse tema como um dos raros ambientes onde o anonimato sai do virtual e cai como uma luva também na vida real.

Ser anônimo no swing não necessariamente é algo ruim, como certas linhas de pensamento insistem em dizer. Por se tratar de um assunto que vive à margem da sociedade (sexo), quem escolhe viver a sexualidade fora dos padrões não tem, obrigatoriamente, que sair dizendo pra todo mundo.

De fato, muitos ocupam posições sociais estratégicas, para as quais é até mais saudável não mostrar alguns fatores pessoais para a população em geral, por exemplo: famosos que não mostram os filhos. Não quer dizer que não existam ou não gostem deles, é uma maneira de preservá-los de um bando de interesseiros que não tem absolutamente nada a ver com os pequenos. Chamemos de hipocrisia, mas com swing é a mesma coisa: nem todo mundo pode se dar ao luxo de mostrar que é feliz e bem resolvido com a questão sexual, por N motivos que não vem ao caso neste post.

Quando começamos no meio, estar anônimo era mais do que uma preservação da nossa vida pessoal (que é bem normal, na verdade hehehehe), era uma necessidade para mim. Eu vivia uma vida tão pública dentro da comunidade PB que era reconhecida em qualquer lugar que chegasse; automaticamente, não tinha a paz de entrar, sentar e permanecer ali incógnita. Nunca.

Vocês não tem ideia de como eu fiquei feliz quando comecei a frequentar casas de swing e ninguém vinha me encher o saco. Foi simplesmente libertador! Me deu coragem para transformar as fantasias em realidade e força para me tirar de uma submissão insana ao que os outros queriam para minha vida. Passei a usar o anonimato não só para fazer o que eu queria mas também para falar o que eu queria, quando queria e pra quem queria. E é nesse ponto que os anônimos lovers precisam tomar cuidado.

Sabem aquela história de usar a franqueza para disfarçar crueldade? Pois é para esse caminho que o anonimato leva se não prestarmos atenção. Pensamentos como “ninguém sabe quem eu sou, ninguém está me vendo, ninguém nunca vai saber que fui eu” são incríveis gatilhos de permissão interna para ligar o botão do foda-se e sair atirando pedra por aí.

Como uma espécie de edredon do Big Brother, o anonimato pode ser uma arma terrível para quem quer fazer maldade. A pessoa entra embaixo do edredon e sabe que ninguém está vendo o que ela faz; isso dá uma sensação de impunidade, afinal, ninguém sabe que é ela que está ali.

Assim, libera toda sua raiva, inveja, ódio e toda sorte de sentimentos ruins pra cima de alguém, conhecido ou não, não importa. Quem usa o anonimato para validar a própria crueldade não está preocupado com o outro, apenas em se livrar do lixo que está dentro de si mesmo. 

Não estou falando nisso porque fomos alvo de anônimos haters, longe disso. Desde que começamos a escrever o blog temos recebido muito mais amor do que ódio, embora existam sim alguns poucos que preferem vir até nós para destilar maldade. O que mais me pergunto é se esses poucos diriam as mesmas coisas sem a capa do anonimato… não, né?

O anonimato é uma bênção, se usado com responsabilidade. Pense, ao escrever qualquer coisa em anônimo, como se sentiria se a mensagem fosse destinada a você. Até porque, anonimato no swing não é anonimato real, convenhamos.

Ainda lembro a primeira vez que alguém me reconheceu como a Marina do blog. Foi depois de uma transa numa casa de swing, enquanto nos vestíamos perguntaram meu nome. Marina? Do blog? Eu sei quem você é! Por mais que eu esteja anônima (PB), todos sabem quem é a Marina do blog (swing).

Os nicks, pseudônimos ou como você se apresenta no meio não deixa de ser uma identidade – sua identidade. Por mais que você seja o Casal Delícia, todo mundo no swing vai saber quem é o Casal Delícia.

Engraçado isso, porque tem gente que pisa na bola e resolve mudar de nick achando que vai apagar as bobagens que fez… doce ilusão. Apaga até encontrar alguém que sabe que o Casal Paixão é o antigo Casal Delícia. E não se enganem, amores, o meio swinger é um ovo.

Nós, swingers, temos condições de aproveitar o melhor que o anonimato pode oferecer. É só cuidar para não cair na armadilha de achar que somos melhores do que os outros, PB ou coloridos. Respeito e responsabilidade sempre, anônimos ou não.

Beijossssssssss