Chamada de Puta por Causa da Roupa

fui chamada de puta por causa da minha roupa

E não é que a gente vive, vive e ainda não vai viver tudo? A vida nos leva a lugares e nos faz passar por situações que jamais imaginávamos ser possível – ou acontecer com a gente. Enfim, chega de lero lero e vamos ao ponto da questão: fui chamada de puta por causa de uma roupa!

Sábado passado foi um dia agitado: reencontro com amigos num barzinho, sair direto para ver uma peça de teatro e emendar na Hot Bar. Saímos de casa 5 da tarde e voltamos 3 da manhã! kkkkkk! E agora, que roupa usar pra tanto compromisso, um seguido do outro? Experimentei um monte de roupas, pedi ajuda pro Marcio e acabei usando um vestido tubinho verde bem curtinho com uma capa preta de veludo bem quentinha.

Primeira parada: B.A.R., um lugar super bacana, comida e bebida boa, ambiente agradável. Estava frio porque estávamos ao ar livre, mas o pessoal acendeu os aquecedores e ainda ofereceu mantas pra driblar o frio enquanto a gente batia papo com os amigos.

Dali partimos direto para o centro, fomos assistir à peça do momento Lili Carabina. Vou te contar (calma, sem spoilers!): é forte! Mas é boa. Os atores são excelentes, o texto é bom (e não vou falar mais nada, chega!) – se quiser saber vai ter que ver. Só cuidado, não usem roupa curtinha ou poderão passar pelo que eu passei!

Enquanto o Marcio pegava o ticket no valet eu fui para a fila do ingresso. Pouco tempo depois, um casal entrou na fila atrás de mim. Eu olhava o celular quando ouvi a mulher do casal reclamando:

— Sou muito superior… credo, olha isso, povinho inferior… — e respirava forte, bufando de raiva.

Ela era loira, cabelos cacheados na altura do ombro, pela clara, óculos e bem acima do peso. O rapaz que estava com ela, namorado ou marido penso eu, também era grande, maior que ela, mas me parecia bem mais simpático. Ele pedia pra ela falar baixo mas não adiantava. Ela bravejava, nitidamente irada com alguma coisa.

— Eu falo o que eu quero, do jeito que eu quero!

A princípio pensei que eles estavam tendo uma DR, mas olhei de relance pra mulher quando minha amiga chegou ao meu lado na fila; vi que ela me olhava com ódio. Eu e minha amiga ficamos de boa, conversando, vendo o facebook, distraídas. Mas a tal da mulher estava muito impaciente, andando de um lado pro outro, muito incomodada. Voltou a falar alto com o homem que estava com ela:

— Não falei? O que você esperava? Aqui é perto da Augusta, é claro que tá cheio de puta

Aí eu já me liguei que ela estava falando de mim, por causa da minha roupa e porque ela não parava de me olhar (e também porque não tinha nenhuma outra mulher na fila… kkkkkk). O cara que estava com ela morria de vergonha e pedia pra que ela se controlasse, que falasse baixo, que isso e aquilo. Mas ela insistia que podia falar o que quisesse, do jeito que quisesse.

Quando o Marcio e o marido da minha amiga chegaram, ela falou:

— Olha aí os clientes…

E aí, quem não aguentou fui eu. Porque eu sou muito paciente, mas tem coisa que me tira do sério: mexer com quem eu quero bem! Enquanto ela me chamava de puta e o escambau, foda-se, mal sabe ela que isso é um elogio pra quem é do swing, né? kkkkkk! Mas começou a envolver meu marido e meus amigos na história, fodeu – pro lado dela!

— Olha só, amor — falei bem alto pra que ela pudesse ouvir; afinal, se ela pode falar o que quer do jeito que quer, ela me dá o direito de fazer o mesmo. — Essa gorda de camisa branca aqui atrás de mim tá me chamando de puta e você de cliente!

O Marcio já sacou o que estava acontecendo e se dirigiu ao casal:

Puta não, minha mulher, algum problema?

— Não… não to falando de você… — amansou a “branca superiora” e não falou mais nada – pelo menos não em voz alta kkkkkkkk!

E pra não criar problema, também não disse mais nada e o barco seguiu. Mas é impossível não contar essa história pra vocês, até porque, explicita o quanto as pessoas ainda tem a vida inteira julgada por uma simples peça de roupa. A gente não “pode” sair nas ruas com a roupa que acha legal, não “pode” gostar de sexo, não “pode” ser mãe e ter um corpão… é tanto não “poder” que muitas preferem entrar no esquema do pode-não-pode ao invés de ser elas mesmas.

Eu, que nunca tinha vivido uma situação dessas, sempre achei que não me importaria caso acontecesse. Mas a verdade é que eu fiquei pensando se estava certa em usar aquela roupa, se não deveria ter usado uma calça e me trocado no carro depois e tantas outras coisas que colocavam em mim a culpa por ter sido vítima de preconceito e agressão verbal. É como aquela vítima de abuso no ônibus disse: “como eu não vi? Como não percebi aquele homem se aproximando? Como eu não pude fazer nada por mim?”.

A gente pensa que pode controlar o que os outros pensam, falam e fazem através de qualquer coisa: uma roupa mais discreta, uma atitude mais contida, um olhar mais perspicaz. Mas não, o que os outros fazem não é culpa nossa: é deles! Mesmo assim, confesso que não sei se voltaria lá com uma roupa super sensual de novo. Um saco isso, né?

No fim eu me diverti pra caramba! A peça foi top, tirei foto com os atores, fui pra Hot, dancei pra caralho e ainda transei com meu maridão pra fechar a noite. A “branca superiora”? Não sei… mas se tivesse que adivinhar, diria que reclamou da peça, do ar condicionado, dos atores, da comida e do marido! Que provavelmente dormiu sem transar com ninguém, na casinha do cachorro porque não deixava ela “falar o que queria, do jeito que queria”! Aposto!!! kkkkkkkk!

Beijossssssssss

 

 

 

 

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Pamela Abreu
6 anos atrás

Ah na certa ela ficou com inveja pq não poderia usar um vestido como o seu!!! Mas é uma situação triste, pq as vezes ficamos com receio de um homem nos agredir e no fim as próprias mulheres julgam e agridem as mulheres… Enfim, viva a sua vida!!! Parabéns pela atitude!!!

Dê&Li
6 anos atrás

Marina não ligue pra essa gorda recalcada. Isso tem um nome: INVEJA! Continue sendo você mesma: linda e espontânea 😉

Ela
6 anos atrás

Ta dando muita importância pra opinião de quem não merece importância… Deixa chamar de puta, como vc disse, pra gente é elogio (ainda mais vindo de gorda kkkk). E, desde já, foda-se o mimimi gordofobia, tenho mesmo, huuauha

Nigga
6 anos atrás
Reply to  Ela

Não é porque essa pessoa, acima do peso, faltou de respeito com a Marina, que temos que generalizar, ou destratar a pessoa porque ela é gorda (???) Podia ser uma loira gostosa igual a Marina, falando os mesmos tipo de coisas, chamando de puta e tudo mais. Respeito é pra quem tem, e gordofobia não se encaixa no mundo do swing e nem um outro lugar. Paz e muito sexo!!!!

Carlos
6 anos atrás

O desrespeito com a opção do outro seja ela qual for é um absurdo. Depois o povo pergunta porque o mundo não vai pra frente.

Tiani
6 anos atrás

Como que pode ainda ter gente assim! Tá certíssima, Marina, tem gente que pede pra ouvir o que não quer, eu também não ficaria quieta. Absurdo.

Gabi e Bruno
6 anos atrás

Lacrou, Marina! Superiora é você! Saiu por cima com muita classe!

Thi e Pry
6 anos atrás

é um absurdo esse tipo de situação, no tempo em que vivemos. O moralmente correto é muito chato !!! Vocês inspiram muita gente mesmo !!!