A peça se chama Troca Troca. O nome provoca. Promete. A expectativa era clara: ver o universo do swing, do desejo compartilhado, das relações consensualmente abertas sendo representadas no palco — com coragem, com humor, com profundidade. Mas o que se entregou foi outra coisa.
O teatro estava lotado. Risos fáceis, aplausos generosos, gente curiosa e animada. Mas, em cena, o que vi foi mais do mesmo: um desfile de estereótipos e piadas batidas. Traições sendo tratadas como naturais. Confusões emocionais sendo romantizadas. Personagens rasos, distantes da realidade de quem vive ou busca viver relações mais conscientes, livres e éticas. A promessa era ousadia. Mas o que vi foi conservadorismo disfarçado de comédia.
A Mentira é Mais Aceita
Em vez de mostrar o swing como uma escolha baseada em diálogo, confiança e desejo mútuo, o texto optou por reforçar a ideia de que sexo fora da monogamia é sempre caos, mentira e engano. O enredo gira em torno de casais que se envolvem em encontros sexuais escondidos, que se machucam emocionalmente porque não conversam, não se escutam, não se responsabilizam.
Ou seja: relações falsas sendo colocadas no centro da narrativa, enquanto formas de afeto baseadas em verdade continuam invisíveis — ou pior, ridicularizadas. E eu sigo me perguntando:
Por que a mentira ainda é mais aceita do que a liberdade consentida? Por que tanta gente ainda tem medo da sinceridade quando ela vem acompanhada de prazer?
Quando se fala em não monogamia, ainda há muito ruído. Muita gente associa imediatamente a traição, bagunça, promiscuidade. Mas a verdadeira bagunça está em manter relacionamentos onde o combinado é ignorado, onde a verdade é evitada, onde o desejo é silenciado.
Não monogamia não é bagunça. Bagunça é enganar quem você ama. Bagunça é viver preso a regras que você não escolheu, só herdou. Bagunça é chamar de fidelidade o ato de mentir todos os dias pra manter uma aparência.
Mais Uma Chance Desperdiçada
Eu saí do teatro com essa sensação incômoda: a de que mais uma vez a arte perdeu a chance de ampliar o olhar, de cutucar com inteligência, de provocar para além do riso fácil. Troca Troca poderia ser uma peça sobre diálogo, erotismo, autoconhecimento, pactos reais e desejo legítimo. Mas preferiu o caminho do exagero caricato e das velhas fórmulas que fazem o público rir sem ter que pensar demais. É uma pena.
Porque estamos num tempo em que falar de liberdade afetiva é urgente. Estamos sedentos por representações mais honestas do amor e do sexo. Queremos histórias que nos desafiem, que nos façam olhar para dentro e questionar: o que é ser fiel de verdade?
E fidelidade, pra mim, não tem a ver com exclusividade, mas comacordo. Com honestidade. Com coragem de falar o que sente e ouvir o que o outro sente também. Com desejo que não precisa se esconder atrás de máscaras, mas pode ser vivido com respeito e consentimento.
Se você também se incomoda com essa visão distorcida que muitos ainda têm da liberdade sexual e afetiva, esse post é pra você.
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