Controle do Prazer

Isso pode, isso não pode Não sei você, mas a mim, ter alguém me dizendo isso o tempo todo é chato pra caralho. Lembra aquela encheção de saco dos pais, querendo controlar nosso crescimento; lembra o chefe chato, querendo controlar o que a gente vai dizer, com quem falar, etc, etc…

Sabem porque ter alguém dizendo pode-não pode é um pé no saco? Porque quase sempre vai de encontro a alguma coisa que nos dá prazer (ou poderia dar muito prazer). Às vezes já estamos imaginando a maravilha que seria ter aquele projeto aprovado quando vem o tal do “não pode”. É um balde de água fria nas nossas cabeças quentinhas… kkkkk.

A palavra chave aqui é controle. E me incomoda muito ter a sensação de ser controlada por algo/alguém porque tenho a impressão de perder a humanidade, afinal, robôs são controláveis, não pessoas, não é? Não, Marina, não. Pessoas são facilmente controláveis, principalmente aquelas que não foram ensinadas a pensar por si.

David Linden, professor de Neurociência da Universidade John Hopkins em Baltimore afirma que autoridades governamentais ou religiosas querem regular coisas que fazemos guiados pela busca do prazer. “Estou falando de sexo e drogas. Dizem: ‘Não podem ter relações sexuais se não está casado’ ou ‘Não pode pagar por elas’ ou ‘Não pode ser homossexual’ e ‘Não pode consumir drogas que ativem seu centro de prazer, seja nicotina, álcool, maconha etc’. Enquanto outros dizem: ‘Pode tomar álcool, mas nada além disso’.”

“Neste sentido a regulação de nosso circuito de prazer no cérebro é uma das grandes missões tanto de governos como de religiões”, acrescenta. E, para o pesquisador, nosso centro de prazer pode ser uma ameaça para as instituições. Veja como o centro de prazer funciona.

Na base de tudo está a dopamina, um neurotransmissor danadinho que circula dentro da gente. E é muito simples entender seu funcionamento: quanto mais dopamina, mais prazer. Nós gostamos de algo por três motivos:

  1. Porque somos programados para gostar – nascemos gostando de comer, beber e transar
  2. Porque aprendemos a gostar – conforme as coisas que experimentamos
  3. Porque crescemos gostando – conforme as influências que sofremos (família, sociedade, cultura, etc).

Cada vez que desfrutamos de algo que gostamos, liberamos dopamina. “É crucial. Se você aumenta a quantidade, aumenta o prazer. Se a retira, bloqueia a capacidade de sentir prazer. Sabemos que ela atua em lugares específicos do cérebro que, se forem destruídos, impedem a pessoa de sentir prazer.” (Linden)

Samir Zeki, professor de neuroestética no University College de Londres, no Reino Unido, é especialista no cérebro visual e nas respostas afetivas desencadeadas por estímulos visuais. Ele afirma que a beleza é gratificante para o cérebro, ou seja, “quando uma pessoa experimenta a beleza – uma paisagem, peça musical, na matemática, em um rosto, em um corpo – não importa a forma, é ativada a mesma parte do cérebro, o centro do prazer, e está associado com satisfação. A beleza é prazer, é gratificante, é parte do mesmo estado afetivo, da relação de satisfação, recompensa”.

Outro especialista no assunto, Morten Kringelbach, diz que o prazer acontece em três estágios:

  1. Desejo – antes do prazer
  2. Gosto – durante o prazer
  3. Satisfação – depois do prazer.

“Acho que se preocupam muito com nossos prazeres porque são eles que regem nossa conduta. São muito fortes. Para estas instituições, isso representa uma ameaça, pois as coisas que são muito prazerosas podem alterar a ordem estabelecida.”

Uma coisa é certa: prazer é ameça. Quando o parceiro sente muito prazer com outra pessoa, sentimos  nossa relação ameaçada; quando vemos os amigos se divertindo com outras pessoas, sentimos aquela amizade ameaçada. Quando vemos uma mulher mais bonita, nos sentimos ameaçadas.

E chegamos então ao ponto do post de hoje: de uma forma ou de outra, alguém/algo controla nossos prazeres. Não que isso seja motivo para irresponsabilidades, pelo contrário. Ainda temos liberdade para escolher a quem daremos o controle de nossos prazeres. Aqui falei sobre alguns (religião, governo, ameaça, processos cerebrais) mas muitas outras coisas podem assumir o controle quando o assunto é prazer. Cabe a cada um de nós decidir qual iremos permitir.

Beijossssssssss

 

 

 

 

 

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/04/160321_prazer_ciencia_fn

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4 Comentários
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ROBERTO
5 anos atrás

MARINA, CHEGUEI A CONCLUSÃ0 QUE VC REGE A MINHA CONDUTA DE PRAZER, COM TODO RESPEITO, MARCIO.

Casal sem juízo
5 anos atrás

Marina,
Além de maravilhosa (inteligente + gostosa), descobrimos mais um predicado seu: ótima cantora !
Parabéns pela perfomance na hot no sábado!
Abraços,
Casal sem Juízo