Humilhação em Casa de Swing

Martin Luther King disse: “para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que pensa”. Desde que comecei a escrever no blog eu colocava minha opinião, e claro, criei inimigos. Mais do que isso, fui seriamente alertada por alguns marketeiros para ser mais política, afinal, como eu ganharia seguidores falando o que penso?

De qualquer forma, por um bom tempo eu realmente parei para pensar que nem tudo o que eu penso é verdade absoluta – é apenas o que eu penso; e passei a olhar as coisas pelos olhos dos outros antes de escrever o que eu penso. Mas tem coisas que, mesmo olhando pelos olhos dos outros, não me desce pela garganta.

E como não sou mulher de ficar calada frente a absurdos, eu sinto não apenas vontade de me posicionar em algumas situações como sinto necessidade de alertar meus seguidores. Vamos ao caso:

As casas de swing tem por costume apresentar show de strippers. Em 99% dos shows, os strippers chamam clientes (homens e mulheres) para participar com eles, seja dançando, tirando a roupa deles ou esfregando o corpo neles. Até aí nenhuma novidade, quem já foi pelo menos uma vez sabe que é assim.

Algumas casas, não satisfeitas apenas com o show dos strippers, dão um microfone na mão de alguém, geralmente um DJ ou apresentador, para fazer uma espécie de locução do show – como se fosse necessário explicar o que os olhos estão vendo.

A maioria deles usa o microfone para soltar palavras como “gostosa” e “delícia”, outros querem incentivar a participação de clientes com frases como “isso, pega na bunda dela”, mas tem outros que não tem a menor noção e solta verdadeiros absurdos, como os que eu ouvi na semana passada.

Estávamos em três amigas e uma delas me chamou para ir na Inner. Eu disse que não iria, que pra ir lá tinha que estar com uma vontade enorme de dar, e não era o meu caso naquele dia. Ela me respondeu dizendo que entendia perfeitamente, afinal, ela até se sentiu mal da última vez que foi. E seguiu contando o que ela viu:

“O stripper fazia o show e interagia com os clientes. Então escolheu uma moça bem magrinha, puxou ela para a pista e nessa hora o locutor mandou parar o som, ficando o maior silêncio na casa. Em seguida o dançarino levantou os braços da menina e o locutor disse, no microfone:

como a natureza é ingrata…

E muitas pessoas que estavam assistindo ao show, riram.” Preta e Nego.

E quando ela terminou de contar o que aconteceu, a outra amiga disse que passou por algo parecido, no mesmo lugar. Contou que estava assistindo ao show da stripper com o marido quando a dançarina puxou ele para dançar. Depois de um tempo dançando só com o marido, a amiga foi dançar com a stripper e o marido. Nessa hora o locutor falou no microfone, para todo mundo ouvir:

Japonês, quer fazer essa loira sofrer? Tira o cartão de crédito dela.

“Achei desnecessário ele falar isso, que eu era casada por interesse. Abordagem podre, feia e preconceituosa. Era para ser um ambiente livre e sem julgamentos. Sem liberdade nenhuma ter que ser ridicularizado por um cara desses sem noção.” Cool Couple.

Gente, desde que entrei no swing eu sei que esse tipo de locução acontece em algumas casas. Nunca fui a favor e já ouvi absurdos iguais a esses que minhas amigas ouviram. O blog não existia na época em que eu frequentava casas que dão voz para pessoas despreparadas, além de eu mesma não ter ainda a visão que tenho hoje, mas era algo que me incomodava – e eu nem sabia exatamente porque; tanto que quando tinha “locutor” para os shows, nós não ficávamos assistindo – ou íamos embora ou íamos transar.

E talvez as pessoas estejam tão acostumadas à vida em um mundo regido por um sistema onde bullying é mimimi e feminismo é conversa mole, que acham realmente que isso é legal! E que é super divertido ficar rindo das magrinhas,  gordinhas, das loiras ou de qualquer coisa que saia da boca de um sujeito cujo papel é entreter pessoas às custas da ridicularização dos outros.

Tá certo que swing é liberdade para fazer o que quiser, dar seu dinheiro para quem quiser, pagar para ser ridicularizado se quiser. Mas deixo uma pergunta para pensar: até quando? Até quando os swingers vão dar ibope para “profissionais” que não sabem trabalhar? Até quando você vai dar o seu dinheiro suado para pessoas que não tem um pingo de caráter? Até quando você vai pagar festas/baladas/casas de swing para ser maltratado lá dentro? A sua liberdade de escolha vale a humilhação dos outros? Acorda, galera!

Beijosssssssss

 

 

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Junior
4 anos atrás

Eu estava neste dia e realmente foi totalmente desnecessário os comentários do locutor..Ele disse mais “VEJA O PINTO DO JAPONÊS É PEQUENO MESMO…”. Não foi conveniente isso. Acho que a casa tem que rever alguns conceitos

CasallitoralSP
4 anos atrás

Vamos em várias casas de swing ou balada liberal, mas esse indivíduo da Inner é sem noção, sempre com piadinhas com o(a)s clientes

Vinícius
4 anos atrás

Realmente aquele locutor do Inner é mega chato. O público não me agrada.
A última vez que fui o banheiro estava com um cheiro muito desagradável , cheiro forte de esgoto. As atendentes do caixa na saída um mau humor. Estou pensando em conhecer a Hot. Sempre ouço muitas opiniões boas sobre a casa.
Acho q vale a pena conhecer. Só espero não encontrar outro locutor chato…rs.

Renata
4 anos atrás

Quero ir pela primeira vez com meu marido..qual casa de swing recomendam??
Li sobre todas no blog..mas estou em dúvida de qual seria legal por ser a primeira vez..

Al-ma
4 anos atrás
Reply to  Renata

Estavamos em duvida e fomos na hot bar. Foi muito boa para uma primeira experiencia.

Paulo
4 anos atrás
Reply to  Renata

A inner é bem legal com pessoas de meia idade
A hot e outras são mais jovens e podemos ver que não são casais e vai donque vc procura

casal33/40
4 anos atrás

Otimo post, de fato sempre comentamos que as casas de swing tem a vantagem de serem democráticas ou seja podemos escolher ou sermos escolhidos o que dá ao casal uma extrema liberdade. No caso descrito infelizmente é o gereciamento da casa que deixa a desejar, nós ja estivemos 4 vezes na Inner é sempre decepcionante inclusive na pagamento da conta que nunca corresponde ao valor de entrada.

Novatos
4 anos atrás

Foi de uma infelicidade sem precedentes, costumo ir com minha esposa na Inner, na maioria das vezes ele consegue “animar” o público, mas nos casos mencionados foi INFELIZ.

Lira
4 anos atrás

Coragem, glamour, inteligência, beleza, comprometimento, a gente vê por aqui!

Obrigada Marina, por inspirar nossa sociedade a evoluir pra melhor, enquanto alguns prestam um desserviço.

Musa, tenho dito!

casal top
4 anos atrás

Desnecessário rebaixar os outros, ainda mais para colocar a pessoa em situação de piada.

Vanessa
4 anos atrás

Nossa como sempre você aborda assuntos que muitas vezes ficam engasgados em nossa garganta.
Somos do interior e estivemos na INNER em setembro e mais uma vez escutamos brincadeiras de extremo mau gosto com uma esposa que nos fizeram lembrar que a 5 anos atrás aconteceu a mesma coisa e que por esse mesmo motivo ficamos 5 anos sem frequentar. Demos mais uma chance e agora não voltamos mais.
Beijos
Vanessa

Tamara
4 anos atrás

Falou tudo e mais um pouco, abaixo a essa onda de querer fazer piada as custas dos outros!!!