Como uma palavrinha tão simples, apenas três letrinhas, pode ser tão difícil de ser dita? Falar “não” é um dos maiores problemas que os casais swingers enfrentam dentro do meio, ainda mais quando são iniciantes e trazem consigo a cultura PB brasileira de agradar a todos o máximo possível.
Sim, o Brasil é o país que menos diz “não“. No geral o povo brasileiro quer agradar e tem muita dificuldade tanto para dizer coisas negativas quanto para aceitá-las. Percebam como enrolamos uns aos outros quando não queremos sair pra jantar com o chato do chefe ou não estamos afim de visitar aquele parente sem graça. Usamos as mais diversas desculpas e ficamos procurando a melhor maneira de dizer “não“, sem parecermos chatos.
No swing as coisas podem funcionar de um jeito mais claro e transparente, de uma forma que combine melhor com o estilo de vida que escolhemos, certo? A palavra “não” precisa entrar no nosso vocabulário ou acabamos entrando nunma fria o tempo todo. A gente nunca vai gostar de todo mundo, fato; a gente nunca vai ter vontade de transar com todo mundo, outro fato; então porque cargas d´água é tão difícil dizer “não“?
De repente a gente não quer que o outro se decepcione conosco e acaba transando com quem não quer, mas e aí, a gente acaba decepcionando a nós mesmos, não é? Numa situação onde um dos casais não está afim do outro, sempre, sempre mesmo, um dos dois vai sair perdendo; é inevitável.
Já passamos por situações onde o casal queria muito ficar com a gente, nós não queríamos o casal. Com vergonha de dizer “não” (achando que poderíamos perder a amizade ou que nunca mais nenhum outro casal nos quisesse), acabávamos trocando.
Mas a experiência não era boa (óbvio, né?) e todos esses medos acabavam se realizando do mesmo jeito depois do swing. A gente perdia a amizade – porque a única coisa em comum entre os quatro era o desejo deles por nós. Acabou o desejo, acabou a afinidade. E a gente acabava se martirizando por ter feito algo que não queríamos fazer. Um saco!
Hoje não temos mais esse problema. Aprendemos a dizer “não“. E olha, isso não significa que somos estúpidos ou grosseiros com os outros, é possível dizer “não” com classe e educação. Talvez esse seja o maior medo de todos, que a palavra “não” venha carregada de outros significados como “vocês são feios”, “vocês são ridículos”, “deus me livre” e uma gama de sentimentos bem próximos a esses exemplos.
Quando falamos alguma coisa deixamos transparecer muito do que pensamos, seja na forma como dizemos as palavras ou na expressão facial que acompanha o que dizemos. Os outros recebem o “não” como se fosse uma frase de mil palavras num único segundo. Tanto quem diz como quem recebe precisa entender que a palavra “não” no swing significa apenas “não quero sexo com você”. Nada mais.
Se a cultura swinger envolve ser honesto e transparente consigo mesmo e com seu parceiro, acredito que podemos ampliar o leque e sermos honestos e transparentes com os outros também. Não tenham medo de dizer “não“, se necessário expliquem que o seu “não” é apenas no âmbito sexual e que vocês ainda podem ser amigos. Se o outro não entender que ninguém é obrigado a transar com quem não quer, o problema é todo dele, não seu. Não deixe que uma palavra tão pequenina tire o seu tesão. Diga “não” e seja mais feliz!