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Não Troco a Minha Ferrari

“Eu não troco a minha Ferrari por um fusquinha”, frase super usada há alguns anos no swing. Principalmente em rodinhas de maridos, quando queriam dizer que não faziam troca de casais com uma esposa que não os agradava. Fiquei um tempão sem ouvir essa frase, mas desde que 2019 começou, eu li isso numa rede de swing e o Palhaço usou essa expressão na entrevista que demos ontem na rádio Energia 97.

O que me fez escrever este post foi esclarecer algumas coisas a respeito dessa expressão que talvez não estejam tão claras (ainda) para quem acha que é legal e não vê problema nenhum nisso.

Eu até acredito que quem curte dizer que tem uma Ferrari em casa, acha de verdade que está fazendo um elogio à esposa. E sim, muitas esposas se sentem felizes por serem comparadas a uma Ferrari. Talvez seja o único elogio que elas recebem do marido (vai saber, né?). Entendo que carrões sejam parte do universo masculino, e que muitas vezes é mais fácil compreender o sentido de alguma coisa usando expressões que lhe são próximas.

Uma das coisas que fez cair o uso dessa expressão foi a chegada forte do politicamente correto e do feminismo: uma pessoa não deve ser objetificada, nem pode ser propriedade de ninguém. O Marcio já usou essa expressão sim, diversas vezes, no passado. Eu não tinha a compreensão que tenho hoje, mas apesar de entender que ele queria fazer um elogio, não me sentia tão bem.

Porque me dava a impressão de que eu, a Ferrari, não tinha escolha, já que sou tão propriedade do marido que ele se acha no direito de dizer “minha” e ainda “me trocar” com quem ele bem entender. É a mesma história de “dar” uma single de “presente” no aniversário do marido: objetifica a pessoa, dando a impressão de que o “presente” não tem poder de escolha. É uma impressão que eu tenho, não quer dizer que todos pensam assim ou usam essas expressões com o único propósito de objetificar o outro.

Acho até que quando alguém diz que não troca sua Ferrari por um fusquinha, quer dizer que não se contenta com menos do que já tem. E eu acho isso muito normal, seria estranho se a pessoa fosse atrás de algo que ela julga inferior ao que já tem, porque não existe conquista no que não tem valor. É aí que entra o ponto chave da questão: o que tem valor para você?

Eu conheci um cara que tinha um fusquinha (carro). Ele era bonitão, gostosão, tinha grana… mas não trocava aquele fusquinha por nada. Era o xodó dele. Tinha uma pintura diferente, motor diferente, era um fusca totalmente personalizado. Para ele, o fusquinha era de valor inestimável.

Marcio parou de me comparar a uma Ferrari há muito tempo. Não que eu não tenha valor pra ele, mas uma Ferrari ainda tem valor, no entanto eu, sou inestimável. Sendo inestimável, entendemos que uma troca de casais não é sobre valores compatíveis, mas sim sobre experimentar algo que nos dá tesão.

É por isso que digo que não importa a que carro uma mulher possa ser comparada: todas são inestimáveis porque a beleza é relativa. E quando você vir por aí um monte de “Ferraris” trocando com “Fiats 147”, (e me perdoem a comparação, estou apenas brincando com as palavras, ta? rsrsrs) é porque eles não se enxergam como objetos de valor, apenas estão curtindo o tesão do momento.

Pessoas não devem ser objetificadas porque passam a ter um valor, quando na verdade, qualquer vida tem que ser mais importante do que qualquer outra coisa. Vidas são inestimáveis, é uma lição que todos temos que aprender pra ontem – se quisermos um mundo melhor.

 

Beijossssssssssssss

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