Não rodamos tantos quilômetros só para conhecer essa praia de nudismo brasileira, mas assim que abrimos o mapa descobrimos que estávamos passando as férias a menos de 15km de Massarandupió. Tão perto… não dava pra desperdiçar essa oportunidade! Demos uma desculpa à família e saímos eu e o Marcio, logo após o almoço, sem nem saber como chegaríamos lá.
Mas duas coisas nós sabíamos: quem tem boca vai a Roma e quem tem perna vai longe! kkkkkkkk! A primeira pessoa que perguntamos como chegaríamos à praia naturista de Massarandupió foi o recepcionista do hotel que estávamos hospedados:
— Tem ônibus pra lá?
— Tem não…
— Sabe quanto fica um táxi?
— Uns 250, senhor.
— Reais? 250 reais pra andar 15 km???
— Sim, senhor.
— Deixa quieto, valeu…
Resolvemos ir até a estrada e lá a gente perguntava de novo. Pegamos um ônibus que circulava pelo hotel para nos levar até a portaria, mas ele só fazia esse percurso em horários de entrada e saída de funcionários. Era umas duas da tarde, ainda. O motorista nos deixou o mais longe que podia e continuamos andando até a estrada, cerca de 4 km debaixo do sol.
Assim que chegamos na estrada, um taxista parou do nosso lado para deixar alguém; Marcio já perguntou:
— Quanto fica pra levar a gente até Massarandupió, amigo?
— Mmmmm… deixa eu ver… faço por 75,00.
Entramos no táxi e rodamos os 15 km até a praia. No meio do caminho, Marcio puxa conversa:
— Mas não é caro? 75 reais pra rodar 15 quilômetros?
— Ah… o senhor não conhece lá. Mas fique tranquilo que você vai entender — o motorista respondeu dando uma risadinha como quem dizia “sabe de nada, inocente…” kkkkkkk.
E realmente, entendemos tudo quando vimos a situação: rodar pela estrada ok, mas assim que se pega a saída para a praia de nudismo, o asfalto vira terra, cheia de buracos, poeira nas partes secas, lama nas partes molhadas, pedregulhos… por 10 quilômetros – até chegarmos num local que mais parecia um pântano.
— É aqui que vocês descem — disse o taxista. — O caminho é no meio dessa água mesmo, seguindo a trilha, subindo as areias. Chegando na praia, andem para a direita que logo vocês vão ver a entrada da área de nudismo.
Olhei em volta e juro que pensei: trilha? Onde? Tudo o que eu via era um pântano cercado por dunas gigantes de um lado e uma parede de areia do outro. Descemos do carro e Marcio foi indo na frente. “É melhor tirar os chinelos pra andar nessa água”, ele me disse já segurando as havaianas dele na mão.
Caralho… pooota que pariuuu… que boooosta… era o que eu ia dizendo a mim mesma enquanto pisava não sei onde nem sei no quê. Não era tão rasinho, às vezes a água quase encostava na minha xerequinha. Eeewwww! Apesar disso, dava pra ver que a água era bem clarinha e estava cheia de peixinhos nadando entre meus passos. Menos mal…
Atravessamos a água, agora só restava passar pelo último obstáculo: subir o morrinho de areia pra ver a praia. Pronto. Pisamos na areia e viramos à direita. Lá longe, mas tipo lááááááááááááááá longe mesmo, tinha alguma coisa. “Deve ser o portal da praia de nudismo”, pensei. E dá-lhe caminhada na areia. Mais uns 600, 700 metros e chegamos numa placa de advertência.
Tiramos nossas roupas e andamos mais alguns metros até a barraca de praia mais próxima, onde algumas pessoas estavam sentadas. Sentamos numa mesa, pedimos algo pra beber (estávamos sedentos! rsrsrs) e começamos a relaxar – finalmente! Depois de 10 minutos a preocupação começou a tomar conta da gente: como é que a gente vai voltar pro hotel? Ali não tinha sinal de celular, não dava pra chamar taxi, nem uber, nem mesmo uma bicicletinha.
— Já que vamos voltar andando, é melhor começarmos agora mesmo — eu disse pro Marcio, toda desanimada, que foi até a barraca acertar a bebida que pedimos. Papo vai, papo vem, daqui a pouco volta o Marcio:
— Pedi um peixe frito pra gente.
— Oi? Como assim?
— Relaxa, mulher… expliquei nossa história e o pessoal da barraca falou pra gente ficar tranquilo e aproveitar que ele leva a gente de volta no carro dele.
Meus leitores queridos do coração: pensa num peso de 500 kg saindo dos ombros! Ufa… que alívio!! Já estava imaginando eu e o Marcio, protagonizando um episódio de largados e pelados da vida real, tendo que fazer fogueirinha para sobreviver… (kkkkkkkk).
Enquanto o pessoal preparava aquele peixe frito super fresco que só os baianos sabem fazer, nos recomendaram tirar fotos na parte de trás da praia. Depois de algumas poses, olhamos para mais longe e vimos as dunas gigantescas, branquinhas como neve. Já andamos até aqui não vai fazer diferença andar até lá e o resultado desse esforço vocês podem ver agora:
Não sei vocês, queridos leitores, mas nós ficamos extremamente felizes com tudo isso! Voltamos para o hotel com uma puta dor nos pés, pernas e coxas; mas com a certeza de que a Bahia tem seus encantos. E que vale a pena atravessar a estrada, cruzar o pântano, entrar numa área de proteção permanente, comer um peixe frito na barraca do Juvenal* (hummmmm…. foi o melhor prato que comemos durante a semana inteira de férias!) e que o melhor da Bahia é, sem dúvida, o povo baiano.
* Quem comanda a Barraca do Juvenal é o Jânio e sua esposa. Muito atenciosos e simpáticos!
Muito obrigada!!!!
Beijosssssss