“Oi casal, tudo bem? Vai rolar uma festinha em casa e vocês estão convidados. Se forem, levem um exame de sangue, por favor. Não vamos transar sem camisinha, é só pra garantir”. Desde que entramos no swing, há mais de 10 anos, ouvimos histórias de casais que pedem exame de sangue para sair com outros. Mas só recentemente é que recebemos um convite de swing condicionado ao exame e me fez pensar algumas coisas que gostaria de dividir com vocês.
Cada um, cada um
Que cada casal faz suas regras no swing todo mundo está careca de saber e é preciso respeitar cada decisão. Mas como também é sabido, ninguém é obrigado a seguir as mesmas ideias de quem quer que seja. Para alguns não pode beijar na boca; para outros não pode troca separada; é complicado querer dizer qual é certo e qual é errado – ou o que é bom e o que é ruim porque só a própria pessoa sabe a dor e a delícia de ser quem ela é. Não dá pra geral querer dar uma de juíz e sair apontando o dedo pra esse ou praquele; vamos combinar que cada um tem mais é que cuidar do seu próprio nariz. E só.
Tempos modernos?
Vemos em vários noticiários que, de uns anos para cá, o uso de preservativo diminuiu drasticamente, principalmente entre os jovens – agravando a propagação de várias DST´s. Um dos principais motivos para justificar esse comportamento “moderno” é que a geração nova não vivenciou o início do vírus HIV e toda a comoção mundial em torno da doença que não tinha cura, nem prevenção, nem tratamento – a única opção de quem contraía o vírus era esperar a morte.
Com os avanços laboratoriais, foi-se criando outras opções para os soropositivos e as pessoas passaram a conviver com a doença, transmitindo uma sensação de “normalidade” para quem vê de fora. A ponto de não existir mais um medo excessivo de ser portador do HIV – ou de outras DST´s, visto que para essas, há tratamento. E assim, o preservativo na hora do sexo foi passando de “essencial” para “não tão importante assim”.
Fantasias
Além disso, as fantasias que envolvem sexo “no pêlo” ganharam força nos últimos anos. Provavelmente por ser “proibido” transar sem camisinha e tudo o que é proibido é mais tentador, não é mesmo? Gozar dentro, na portinha, transar sem camisinha, rodízio de bocetas, comer a esposa esporrada de outro e tantas outras formas de contato sexual sem proteção, só aumentam o tesão de inúmeros indivíduos.
Tudo isso contribui para que aumentem as propostas de swing com exame de sangue. Por muitos anos ficamos sem ouvir uma história sequer de casais que só transam depois que o outro apresentar o exame. Achávamos até que essa “condição” já tinha sido abolida do swing, já que o uso de preservativo é amplamente difundido no meio. Mas só esse ano já soubemos de três pedidos de exame de sangue como condição para o swing, o que me faz perguntar:
- É moda ou protege mesmo?
- Que garantia o “pedinte” tem que o dono do exame não contraiu nenhuma DST no intervalo entre “fazer o exame-pegar o resultado-dia da festinha”?
- Se todos os participantes apresentarem resultados negativos, alguém realmente vai fazer questão da camisinha?
- Uma camisinha que estoura no swing é a mesma coisa de transar sem?
- Exames de sangue podem ser falsificados?
E como é de praxe, minha opinião pessoal: achei o convite para a festinha o máximo! Enquanto o casal contava como seria a festa eu me sentia importante por estar sendo convidada. Mas tudo mudou quando entrou o assunto do exame. De importante, passei a me sentir suja, pois deveria provar para alguém que quer me comer que eu estou limpa. Não foi uma sensação legal. Me fez até questionar se deveria continuar praticando swing, afinal, saúde é o que interessa.
Mas depois de umas semaninhas de reflexão, entendi que cada casal é responsável por si, e mais ninguém. Se para uns, apresentar um exame de sangue dá segurança, para outros é preciso muito mais do que isso. Ou muito menos. Ou nada disso. Que os iguais se encontrem nesse mundão do swing e sejam todos muito felizes com as escolhas que fizerem!
Beijossssssss
[useful_banner_manager banners=52 count=1]