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Quando a Paixão Acontece

quando acontece de se apaixonar no swing

*ATENÇÃO*

Se você não gosta de polêmicas ou sofre do mal das ideias pré-concebidas não leia este post.

Queridos leitores, o que vocês vão encontrar nas próximas linhas é um assunto polêmico que tenho evitado falar há anos. Escrevi várias versões desse texto e ainda não tenho muita certeza se deveria repartir tanta intimidade com vocês, mas como eu sei que prefiro me arrepender das coisas que eu fiz do que daquilo que tive medo de tentar, seja o que tiver que ser.

Até porque ainda não tinha vivido nenhuma situação parecida e, por mais que a gente pense que está fazendo tudo certinho, a vida continua nos surpreendendo cada vez que nos permitimos viver.

Depois de tantos anos curtindo o meio liberal – e certa de que isso nunca aconteceria comigo – conheci uma pessoa que me fez sentir algo totalmente diferente do que já havia sentido antes. Não, amores, não era uma pica grossa; na verdade, nunca transei com ele. O máximo de interação que rolou entre a gente foi um beijo. Então porque raios sinto uma conexão tão profunda com essa pessoa?

Esse sentimento veio de uma forma tão inexplicável que cheguei a pensar naquele lance de vidas passadas, tá ligado? Mas como eu prefiro acreditar em coisas mais concretas – e a inquietação interna era enorme – fui procurar explicações para o que eu achava ser impossível de acontecer.

A primeira coisa que me veio à mente foi a questão do poliamor. Eu já falei em outras oportunidades que acredito ser possível amar várias pessoas ao mesmo tempo. Até porque estamos falando de um sentimento extremamente complexo, com diversas vertentes, intensidades e “sabores” englobados em uma única palavra: amor. Mas não sei se o meu caso se encaixaria aqui, acredito que esteja mais para paixão do que para amor.

Para a psicologia, o sentimento é um resultado interno de alguma emoção desencadeada por um estímulo externo. Traduzindo: os acontecimentos da vida geram emoções (num processo subconsciente, portanto, incontrolável) que se transformam em sentimentos.

Até bem pouco tempo acreditava-se que existiam 6 emoções que regulavam os sentimentos: felicidade, surpresa, tristeza, medo, raiva e nojo. Mas um estudo publicado no ano passado concluiu que existem 27 tipos de emoções: admiração, adoração, apreciação estética, diversão, ansiedade, temor, estranheza, tédio, calma, confusão, desejo, nojo, dor empática, encantamento, inveja, excitação, medo, horror, interesse, alegria, nostalgia, romance, tristeza, satisfação, desejo sexual, simpatia e triunfo.

A questão da paixão no swing ainda é um assunto cheio de controvérsias – há quem não veja problema nenhum, há quem recrimine aqueles que se “permitem” apaixonar. Alguns pensam que uma paixão vai somar a relação, outros pensam que a paixão acaba com a relação. No fim, não existe consenso nenhum. Até porque, a teoria é maravilhosa: faça swing, transe, não se apaixone. Mas na prática, só quem se descobre apaixonado entende afinal que não se trata de uma escolha; não escolhemos o que sentimos mas escolhemos o que fazer com o que sentimos. Eu contei pro Marcio.

Eu e Marcio temos uma relação incrível, não temos problema em fazer sexo com outras pessoas, também não temos costume de viver brigando ou discutindo. Em outras palavras, tinha certeza que eu estava imune a uma paixão. Blindamos nosso casamento de todas as formas que conhecíamos, preferimos sair com pessoas comprometidas e tinha plena convicção de que nunca, jamais, em tempo algum, me apaixonaria. O que me faz refletir em alguns pontos:

  1. A vida é uma caixinha de surpresas e estamos suscetíveis a tudo.
  2. Não controlamos as emoções, elas surgem do nada e mudam nossas convicções.
  3. Porque não nos permitimos nos apaixonar mais vezes? E por várias pessoas?

Luis Felipe Pondé escreve que a paixão tem o mesmo mecanismo de uma doença porque nos afeta além da nossa capacidade de autonomia. “O afeto por definição, é aquilo que não é controlável (…) onde não se consegue ter controle absoluto da situação. (…) Quando nos apaixonamos por alguém, ele ocupa a nossa vida de forma tal que se torna referência, que não seja possível viver direito sem ele, que não se consiga respirar, não se tenha vontade de fazer nada. Para mim, aí está o núcleo do conceito de afeto: ser afetado por algo que se não controla.” (O Que move As Paixões, p.16)

Se Pondé estiver certo, o primeiro passo para a “cura” é reconhecer que estamos “doentes”. Então lá vai eu, racionalizando algo irracional para tentar controlar algo incontrolável:

Eu me apaixonei.

Daí você me pergunta o que o Marcio está achando de tudo isso:

— Estou tranquilo… o que é meu, ninguém tira.

Ainda tenho muito o que aprender sobre o amor. Aprender com o Marcio, aprender com quem não me dá bola, aprender com quem me quer bem e com quem me odeia – porque não?  A única coisa que eu não quero é perder a capacidade de amar, em todos os sentidos possíveis. Tirem-me isso, e tirarão-me a vida.

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