Em 2018 eu escrevi um post sobre paixão no swing, um assunto ainda controverso no meio liberal mas que estávamos experimentando naquele momento. Na verdade, eu estava experimentando uma paixão não programada e conscientemente evitada; mas a danada deu um jeito de aparecer. Pra quem não se lembra eu vou resumir: me encantei por um cara no swing e eu e o Marcio estávamos conversando sobre possibilidades de rolar algo entre eu e o cara. Ou não. O fim dessa história você lê nas próximas linhas.
Um dos maiores medos de quem entra para o swing é do parceiro se apaixonar por outro e rolar uma troca definitiva. Então os swingers fazem questão de deixar claro que o envolvimento com o outro é puramente físico, que não pode haver sentimento de espécie alguma envolvido no ato. E na maioria esmagadora das interações é exatamente assim que acontece, até por isso o swing é a fantasia mais procurada pelos casais – satisfação do desejo sem a perda da relação.
Mas… não dá pra gente ignorar o fato de que somos seres humanos, e que sentimentos e emoções fazem parte da nossa existência (sem eles talvez nem estivéssemos vivos). Fatalmente, mais cedo ou mais tarde, vai pintar uma paixão por alguém; e o segredo, que nós descobrimos na prática, é conversar sinceramente sobre o assunto e discutir as possibilidades de se levar essa paixão adiante ou não – até porque paixão passa, né gente?
Eu e o carinha, que aqui vou chamar carinhosamente de Paulinho, nunca transamos. Só rolou um beijo e várias conversas, onde ele me chamava de amor e a gente ficava naquela paquerinha gostosa. Marcio no começo me dizia que não estava super à vontade com a situação mas que me liberava pra ficar com Paulinho uma vez. Chegamos a cogitar que eu pegasse um avião até a cidade dele, ficássemos durante o dia e eu voltaria à noite. Paulinho estava sem tempo e nós iríamos nos encontrar numa festa na próxima semana, então nada de avião.
Na festa, Paulinho me chama de canto e diz que tinha conseguido um tempo pra gente no dia seguinte. Fiquei super animada! Mas não rolou. Nem no dia seguinte, nem no mês seguinte, nem no ano seguinte. O que rolou foi uma sucessão de conversas entre nós dois e uma sucessão de stress entre eu e o Marcio. Porque eu queria ficar com o Paulinho de todo jeito e não enxergava o quanto isso estava magoando o Marcio.
Até que Marcio e Paulinho conversam sem eu saber e decidem que não vão levar isso adiante. Só esqueceram de me contar! E eu me senti muito mal, fiquei repassando todas as nossas conversas na minha cabeça, me questionei muito sobre o que é mesmo ser liberal, questionei tudo o que eu acreditava sobre swing. Tudo. Mas o pior era saber que os dois homens que eu gostava tiveram medo de mim. Será que eu estava sendo tão louca assim? Foi uma barra, gente, pra todos.
Passei seis meses sem falar com Paulinho, lidando com aquela angústia existencial dentro de mim e com um marido duvidando de tudo o que eu sentia por ele. Finalmente tomei coragem e mandei mensagem pro Paulinho, eu precisava mesmo resolver essa questão e ela não se resolveria sozinha. Falei o que eu tinha pra falar e coloquei um ponto final.
Pouco depois nos encontramos em outra festa (ah, essas festas… kkkkkk) e Paulinho me dava cada olhada… e eu retribuindo! Marcio sacou e ficou puto. No dia seguinte, eu e Paulinho voltamos a conversar sobre o que sentíamos e o papo ficou mais claro ainda: havia muito mais do que desejo entre nós, seria perigoso demais rolar alguma coisa. “Não é só, e apenas, sexo… Se fosse, talvez resolveríamos isso com mais facilidade.”
Ainda trocamos algumas mensagens depois disso, uns beijos também, mas a partir desse ponto era só provocação, nada mais. Tanto eu quanto ele sabíamos que jamais passaríamos desse ponto porque existem coisas muito mais importantes em nossas vidas do que uma noite de sexo. Hoje, não nos falamos mais. Duvido muito que nos encontremos de novo. Tudo passou, exatamente como dizem que acontece com a paixão.
Fica o aprendizado:
- Ser sincero com seu companheiro é essencial no swing.
- Se tivéssemos transado, também teria passado.
- Quando o casal pensa a mesma coisa sobre um determinado assunto as coisas se resolvem facilmente, mas quando o pensamento é diferente, há sofrimento.
- Por conta desse episódio, eu e Marcio avançamos um nível no relacionamento e passamos a conversar sobre desejos e limites que até então nem achávamos que tínhamos.
Não estou mais apaixonada. E ainda me pergunto se eu realmente estive um dia ou se querer ficar com Paulinho foi prepotência de quem se achava a dona da porra toda. Eu e Marcio seguimos juntos, hoje mais certos do que nunca: o que é nosso, ninguém tira!
Beijosssssssssssss