Anos atrás conhecemos um casal que estava iniciando no swing. Bonitos, inteligentes, com um relacionamento estável, o futuro liberal parecia promissor. “Ele insistia nesse negócio de troca de casal, eu dizia não; até que um dia eu topei conhecer e amei tudo! O lugar, as pessoas, a liberdade… hoje sou eu que digo vamos ao swing? E se ele não quer ir eu vou sozinha”. Esse era o discurso da esposa, uma mulher que nem precisava de tantas palavras para mostrar que era livre.
Certo dia nos encontramos na balada e rolou a primeira troca deles, e foi com a gente. Eu e ela de quatro no sofá e os maridos trocados, em pé, vieram por trás (a posição mais básica do swing). Eu e o marido dela começamos a transa primeiro e estava tudo indo muito bem até que o Marcio começou a transar com a esposa; o marido, que estava comigo, se desconectou totalmente de mim e não tirava os olhos dela.
E ela gemia, se contorcia, estava curtindo de verdade a troca de casais; ele, por outro lado, foi perdendo a ereção, ficou com o pau mole e parou a festa comigo, literalmente incomodado com a autonomia da esposa. Nunca mais os vimos. Soube, tempos depois, que tinham se separado.
Essa não foi a primeira nem a última vez que soubemos de casos em que o marido desiste do swing e fiquei pensando nos motivos que levam um homem que, teoricamente é muito mais afim de sexo do que uma mulher, a esquecer a ideia do swing. Não é segredo que homens e mulheres tem necessidades diferentes quando estão em uma relação e que estar a par das expectativas do parceiro é fator que ajuda a manter o relacionamento mais saudável.
Enquanto mulheres precisam se sentir seguras, por exemplo, homens precisam de interação sexual. Não à toa são eles quem propõem a abertura da relação na grande maioria das vezes. (Hehehe!) Mas não é só isso. Homens precisam basicamente é de reconhecimento, que no mundo do swing pode ser entendido como respeito. Quando eles sentem que as esposas – aquelas que eles escolheram para dividir a vida – não os respeitam, ficam inseguros. E nem sempre existe um desrespeito real, basta a sensação de que não estão sendo reconhecidos por suas esposas para que os maridos caiam em desânimo.
Há alguns anos o Marcio estava assim, desanimado com o swing. E quando eu perguntei o que estava acontecendo ele me disse: “Você se arruma, fica toda linda e gostosa, nós vamos para o swing e eu não fico com você. Aí, durante a semana, eu quero pegar aquela safada que estava dando para os caras mas quem eu tinha em casa? A mãe, a dona de casa, a profissional, a companheira… Pô, eu também quero comer aquela gostosona, que por acaso é a minha mulher!”
E olha, gente, foi uma reclamação justa. Porque é claro que nem eu (nem nenhuma mulher que eu conheço) vai ficar de salto alto, vestidinho colado e toda trabalhada na maquiagem todos os dias, em casa. Ao não me arrumar para o Marcio eu não reconhecia a importância dele na minha vida. É essa sensação de desrespeito que desanima. Porque o marido espera que a esposa dele – quem ele incentiva, pra quem ele compra roupa e sapato, por quem ele passa a semana trabalhando – simplesmente reconheça todas as implicações de ser um Marido (assim mesmo, com M maiúsculo).
Porque claro, existem maridos que ainda vivem na era escura machista, acreditando que só serão reconhecidos pela força, pelo sucesso ou pelo poder. Estes são os que fogem do swing quando descobrem que a força feminina no ambiente liberal é muito maior do que a força masculina. A esposa ficou soltinha demais? O marido que não aprendeu outra forma de viver a não ser a que lhe foi ensinada (machista) desiste. Afinal, amores, uma mulher livre se torna forte, uma mulher forte se torna poderosa; uma mulher forte e poderosa faz sucesso. Se torna incompatível com o pensamento machista onde é o homem que tem que ser forte, poderoso e ter sucesso.
Em nossa história swinger tivemos a alegria de conhecer pouquíssimos casais assim, a maioria que conhecemos conseguem equilibrar o feminino e o masculino de forma bastante adequada. O segredo? Valorizar a pessoa que está do seu lado!
Beijossssssssss