Eu sei, queridos leitores, ando sumida. Não é que e não gosto mais de escrever, mas quando as coisas não vão bem tudo fica mais difícil, principalmente se o assunto for swing. Você pode até não acreditar mas Marina e Marcio também brigam, e às vezes a discussão vai tão longe que a gente demora pra voltar. Dessa última vez, quase não voltamos.
Em menos de uma hora a discussão foi pro lado do divórcio e nem nós sabíamos explicar como chegamos a esse ponto. Isso porque tudo começou (teoricamente) com uma briguinha por causa de um comentário que o Marcio fez que eu achei machista. Quando me dei conta estava abrindo a porta de casa pra ir embora.
Mas porque estou contanto isso aqui no blog? Primeiro porque acredito que vocês merecem uma explicação por eu ter me afastado por tanto tempo. Segundo porque eu sei que tem muitos casais vivendo situações parecidas com a que passamos. E eu acho que se contar como nós conseguimos fazer o caminho de volta, esses casais podem ver uma luz no fim do túnel.
Nas últimas vezes eu encontrei na saída da balada três amigas chorando, quietinhas, num canto. Difícil ignorar uma cena dessas quando você já esteve na mesma situação. No meu caso, um abraço silencioso foi o suficiente pra me trazer um pouco de paz. No caso das amigas, pensei “o que poderia estar de errado no swing”? E como eu, justo eu que defendo tanto esse estilo de vida para o bem estar do casal, poderia questionar algo que sempre acreditei ser o melhor?
Minhas certezas já não eram tão certas e por um momento eu duvidei de mim mesma. Se tudo o que havia escrito era real ou eu estava tão iludida que não podia ver o quanto estava destruindo meu casamento. E se eu estava iludida, como pude me manter assim por tanto tempo?
A única certeza inabalável era meus filhos, minha família. A gente faz tudo por eles, não é mesmo? Até mesmo encarar o sofrimento de frente, olhar nos olhos de quem te acusa e recomeçar a busca por respostas. Mas dessa vez, juntos. Acho que esse é o primeiro passo pra restaurar a comunicação saudável. Um casal briga porque cada um está atrás de respostas para suas inquietações; procurar as respostas do outro pode ajudar a responder a si mesmo.
Com muita paciência, continuamos cumprindo nossos compromissos liberais – fomos em festinhas, encontros, baladas – e em cada um deles surgia uma dúvida na cabeça que era discutida entre nós, com calma e procurando encontrar o motivo de termos brigado. Até que… eureca! O Marcio disse que queria ter a Marina pra ele.
— Mas você me tem todo dia!
— Não, eu tenho a minha esposa todo dia. A Marina é diferente, é sexy, é provocante, ela insinua, ela vai pra cima… a Marina é minha, mas eu só a tenho nos braços dos outros.
Vamos combinar que é isso mesmo. Todo mundo quer ser Marina, até eu! (kkkkkkk). É porque no dia a dia a gente não tem tempo pra ser Marina. A gente trabalha, arruma a casa, dirige o carro, faz mercado, feira, cuida da roupa, cuida dos filhos, faz a comida… É o típico casamento brasileiro. Não existe espaço para “Marinas” aqui. Mesmo na hora do sexo, como é que a gente solta aqueles gemidos safados se as crianças podem aparecer a qualquer momento?
Por isso a vida liberal é tão gostosa. Ela traz a oportunidade para a mulher ser apenas mulher. No swing a gente só se preocupa em estar gostosa, em ser desejada, atrair os olhares.
Resumindo tudo, meus amores, parei pra pensar e era verdade. Não estava sobrando Marina pro Marcio e isso fez nosso casamento ficar cheio de ciúme, inveja e brigas desnecessárias. Com a correria, caímos no erro fatal mais comum de todos: não sobrava tempo pra gente. Tempo de qualidade, tempo de reflexão, tempo de parar pra ouvir o que o outro tem a dizer e o mais difícil: tempo pra dizer aquilo que realmente incomoda.
Ainda não sabemos exatamente como vamos resolver a questão, mas ter descoberto o que causava o problema nos deixou respirar aliviados novamente. Mais uma vez, o swing não reata casamento – também não destrói. Ele intensifica as situações que não estão bem resolvidas. Agora a gente pode afirmar isso com mais certeza ainda!