O Caso
Perguntaram para a Marina se ela era mais assediada numa casa de swing quando usava uma roupa super decotada, super curta, super sexy. Ela respondeu que não, que há muito tempo não era desrespeitada em casa de swing, mesmo usando qualquer tipo de roupa – ou nenhuma roupa. No mesmo dia, Marina e Marcio foram entrar numa sala coletiva pra brincar e, nas três vezes que tentaram, Marina teve o corpo alisado por todo o tipo de pessoas: homens, mulheres, casais – coxas, pernas e bumbum eram o alvo principal. Até que Marina se cansou disso e reclamou; Marcio que vinha atrás se cresceu pra cima de três casais que tinham passado a mão na Marina sem que ela permitisse. Começou uma briga, o segurança foi chamado, um dos casais foi expulso do reservado e acabou ameaçando o Marcio dizendo que “o esperaria na saída”.
Marina
Minha primeira reação foi sentir vergonha de várias coisas:
- De ter dito que esse tipo de coisa não acontecia, mesmo se eu usasse a roupa mais sexy do mundo.
- De ter protagonizado uma briga na casa de swing.
- Da reação “exagerada” do Marcio.
Marcio
Já minha primeira reação foi ficar puto com tanto desrespeito por vários motivos:
- Puto por ver a Marina reclamando e se sentindo invadida, tocada sem premissão.
- Puto por estarmos com tesão e querendo diversão e acabarmos sendo atrapalhados por espertalhões.
- Puto pela falta de respeito de alguns homens, que acham que por estarem em uma casa de swing todas as mulheres são putas e que não podem reclamar.
- Puto por saber que estavam com certeza fazendo isso já há algum tempo e ninguém reclamou, ninguém chamou o segurança.
- Puto por reclamar e ainda ter respostas do tipo “ela está aqui pra isso”, “se ela não quer ser tocada, tira ela daqui”, “vai embora então”.
- Puto por ter brigado por mais respeito à Marina e também às mulheres em geral que com certeza passaram por essa situação ali e ainda ver a Marina brigar comigo por isso.
- Puto por ver que estamos vivendo em um mundo de “frouxos”, ninguém briga pelo que é certo. Não importa se sou homem, não aceito ver mulher sento mal tratada, desrespeitada, seja a Marina ou outra qualquer!
Marina
Depois que o Marcio me contou porquê ele partiu pra briga com o “espertinho”, voltei atrás e reconsiderei minha primeira reação de ter achado que ele tinha “exagerado”. Por mais que eu não goste de brigas, não posso ser conivente com atitudes machistas e desrespeitosas. A verdade é que já passou da hora de nego achar que pode fazer o que quiser com uma mulher. Não importa se ela está numa casa de swing, numa balada liberal ou seminua, não dá pra sair pegando nela só porque “deu vontade”.
Pior é que no caso em questão, quem passava a mão em mim nem tinha vontade de ficar comigo. Não era uma abordagem, era só um negócio do tipo “já que”, manja? Já que ela está com um super decote… já que ela não está me vendo… já que ela passou por aqui… já que ela está na chuva… Que pensamento ridículo é esse? Me recuso a aceitar. Quer me foder? Me paquera direito, porra! Se apresenta, diz que está afim e se eu também quiser a gente transa. É simples e estamos numa casa de swing pra fazer sexo sim: consentido e com sentido!
Marcio
Agora… será que eu é que estou errado? A causa não é minha – sou homem – mas será que nós homens não podemos fazer nada pela causa das mulheres? Desculpe Marina, desculpe também quem mais achar que não deveria ter brigado, mas eu sou assim. Não é porque a causa não é minha que eu não tenha que tomar partido. Quero deixar claro que não vou me calar e ficar quieto vendo injustiça, vendo mulher ser maltratada, invadida, apalpada sem permissão. Só mudaremos alguma coisa quando começarmos a brigar pelo que é certo!
Marina
Você sabe quem é que sai passando a mão em todo mundo? Eu te conto:
- os ignorantes – porque acham que é assim que se faz numa casa de swing
- os machistas – porque acham que mulher só seve pra isso mesmo
- os babacas – porque acreditam que toda mulher gosta de ser abordada desse jeito
- os incompetentes – porque não tem capacidade de pegar alguém e tem que tirar casquinha de alguém pra ver se gozam.
E não pensem que é só homem que faz isso. Não! Tinham mulheres nessa onda – o que muito me indigna! Ou elas estão sendo forçadas a fazerem isso – sei lá, vai que o parceiro falou que é assim que se faz – ou elas são usadas e abusadas de tantas formas que já não sabem mais distinguir entre o consentido e o forçado. De qualquer forma é uma bosta se deparar com mulheres machistas.
Sabe que às vezes dá até vontade de virar pra esse povo e enfiar no rabo deles, sem pedir, sem saber se gostam ou não, sem que eles estejam esperando. Só pra dar um gostinho de como é legal ser “obrigado” a uma coisa que a gente não quer. Que experimentem a sensação de impotência que eles causam quando saem pegando nos outros sem permissão. Que ódio! Humpf!
Marcio
É foda viver neste mundo nos tempos que estamos porque é o mundo dos “espertos”, “bad boys”, “mentirosos”, “traidores”, “desonestos”, etc. Ser educado, respeitador, honesto, “certinho”… é ser taxado de trouxa. Puta que pariu viu! Dá muita raiva isso! Será que eu que estou errado? Eu que errei em brigar, reclamar e partir pra cima quando o idiota queria ter razão no machismo hipócrita dele? Errei ao chamar o segurança para tirar esse imbecil do reservado e também da balada? Briguei por uma causa que não era minha e no final, o mais prejudicado fui eu: não tive uma transa gostosa com a Marina, ela brigou comigo e ainda corri o risco de ter que sair na porrada com esse doido. O errado sou eu?
Marina
Vivemos atualmente a maior expansão feminista, lutando – literalmente – diariamente para que as mulheres deixem de ser objetos para os machistas de plantão. Dentro do universo do swing então, atitudes machistas deveriam ser extintas em definitivo. A questão de passar a mão nos outros é antiga no swing e rola um certo fetiche aí. Tem gente que curte, mas como tem gente que não curte (e são muitos nesse grupo) não dá pra sair por aí igual um polvo botando a mão em quem passar pela frente. Se pegar em alguém que não curte (tipo eu) vai se foder. Como aconteceu no caso citado: foi expulso do lugar.
Não é fácil lidar com o sexual, principalmente para uma mulher. Nem vou falar das questões sociais porque muito já foi discutido. Mas o swing deveria ser um “porto seguro” para mulheres sexualmente bem resolvidas. Elas deveriam ser respeitadas numa casa de swing, independente da roupa que decidissem usar, porque é isso o que o swing é. Elas deveriam poder transar no meio da galera e dar pra quantos quisessem, sem serem obrigadas a servirem de corrimão.
Ah… leu o post e ficou tristinho porque se identificou? É desses que saem passando a mão em todo mundo? É desses que acham que isso é swing? É desses que acham que mulher é corrimão? Tá se achando “injustiçado”? Temos só uma coisinha pra dizer pra você: FODA-SE! Você está ERRADO em não respeitar a vontade dos outros. FODA-SE! Você está ERRADO em pensar que quem está na casa de swing tem que se submeter a qualquer coisa. FODA-SE! Você está ERRADO em assumir que toda mulher gosta de “servir”. Você está ERRADO! Isso não é swing e Marina e Marcio não compactuam com atitudes assim.