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O Swing Entre o Certo e o Errado

praticar swing é certo ou errado

Deixa eu contar uma historinha pra vocês:

Era uma vez uma menininha muito bonitinha. Ela era uma fofa! Tinha um rostinho redondo e era querida por todos que a conheciam. E como toda criança, tinha uma imaginação impecável. Imaginava que era uma princesa, outras vezes imaginava que era policial e outras vezes imaginava que estava fazendo sexo. Não com um, nem com dois, mas com 5 homens ao mesmo tempo. Ela tinha 7 anos. Essa menininha sou eu.

Tenho viva essa lembrança como se fosse ontem e penso “como uma criança poderia ter pensamentos de gang bang”? Eu nem sabia o que era gang bang, eu nem sabia o que era sexo, mas sabia que gostava da ideia – e muito! Conforme fui crescendo, aprendi que não devia falar sobre sexo, que qualquer atividade sexual deveria ser escondida e que sexo fora do casamento era a pior coisa que poderia existir.

Aos 14 anos eu imaginava que a sociedade ideal era aquela na qual todos se pegavam, se assim quisessem. Divórcio, separação, ciúme, brigas… pra mim sempre foram bobagens. Enxergava as coisas de uma forma muito simples: quer transar, transa; e seja feliz. E a pessoa que te ama fica feliz em te ver feliz.

Quando entrei no swing eu meio que “me reencontrei”, e antigas lembranças como essa começaram e voltar à consciência. Sexo e relacionamentos polígamos sempre foram coisas normais pra mim. Acreditava desde bem pequena que o “tudo junto e misturado” era essencial para a felicidade geral da nação. Isso, pra mim, é o certo.

Os conceitos de certo e errado tem a ver com a questão moral e é difícil de ter uma definição universal porque varia de cultura para cultura. Não é um negócio puramente individual onde a pessoa decide e pronto; ela também depende de posições da sociedade em que a pessoa está inserida pra definir seu certo e errado.

Os pesquisadores Jesse Graham, da Universidade do Sul da Califórnia, e Jonathan Haidt, da Universidade de Nova York, teorizam que “independentemente da cultura, religião ou time de futebol, sua percepção de que algo é certo ou errado segue um mesmo processo mental.” Esse processo envolve 5 passos, sendo que 3 deles, estão ligados à comunidade. Veja:

  1. Cuidado – Algo parece ser o “certo” quando promove o cuidado de alguém, e “errado” quando prejudica ou machuca outra pessoa. É difícil considerar a prática do swing como errada quando ele promove a melhora no casamento de quem swinga.
  2. Reciprocidade – Algo parece ser o “certo” quando percebemos que estamos recebendo aquilo que merecemos, e parece “errado” quando percebemos que não merecemos o que estamos recebendo.
  3. Lealdade – Somos bichos tribais e criamos ligações com a comunidade. Assim, o que é bom para o grupo tende a ser considerado “certo“, e algo que vai contra a coletividade, parece ser “errado“. Isso explica porque os primeiros contatos com o swing são cheios de culpa. A única comunidade que convivemos até então não aceita (oficialmente) a prática da troca de casais. Mas a convivência com comunidades swingers nos fazem ver que não somos os únicos tarados no mundo e passamos a ser “leais” à comunidade que acreditamos ter mais conexão conosco.
  4. Autoridade – Esse pilar também nasce da nossa coletividade enquanto espécie: com as vantagens que as estruturas hierárquicas trouxeram para as comunidades de Homo sapiens, teríamos a tendência de respeitar tradições e figuras de autoridade – e achar mais “corretas” as decisões que vão nessa linha. Mas existe um grande porém: esse pilar só se aplica quando acreditamos que a autoridade dessas pessoas é legítima.
  5. Pureza – O que é “certo” se aproxima da pureza e algo “errado“, da sujeira ou degradação. É baseado na ideia do nojo como uma das nossas reações mais primitivas e importantes para a evolução da espécie. Nojo de mofo, por exemplo, pode ter salvado um dos seus antepassados. Na psicologia, esse nojo já foi usado para controlar as pessoas (a igreja, por exemplo, pregava a associação entre nojo e a quebra da castidade). Mas a ideia de que uma decisão “certa” tem uma motivação nobre e elevada e que o “errado” é o carnal e sujo é mais antiga que a religião católica. O que varia é o que é considerado sujo ou puro para cada cultura.

Quantas vezes você ouviu na vida que sexo é nojento? Ou que sexo é sujo? Notem que nem estou falando especificamente do swing ou de qualquer outra prática não convencional. O próprio ato sexual entre marido e mulher ainda é alimentado por muitas culturas como algo carnal, indevido, sujo… errado.

A filosofia não tenta em momento algum definir o que é certo e o que é errado, ela busca ensinar as pessoas a questionar a razão de algo ser certo ou não. Clarice Lispector disse que “não importa se você faz certo ou errado. As pessoas sempre vão encontrar um motivo para te criticar”. Enquanto eles decidem o que é certo e o que é errado, nós podemos apenas ser felizes, no “certo” ou no “errado”.

Beijosssssssss

 

Fonte: https://super.abril.com.br/comportamento/voce-usa-5-criterios-para-decidir-se-algo-e-certo-ou-errado/

 

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