Por mais que a gente não queira, ela vem. Tentamos esquecer dela, vivemos como se ela fosse uma lenda e fazemos de tudo para que ela fique londe de nós. Mas a morte, caros leitores, vem de qualquer jeito – nós só não sabemos quando. Para um dos iniciadores de Marina e Marcio, esta semana.
O casal Marcelo e Melissa teve um papel muito importante na nossa entrada no mundo do swing. Com eles rolou nossa primeira experiência a seis, com direito a menages, DPs… até as camisinhas acabarem. Ainda me lembro do Marcelo sair pelado da salinha do Casablanca e ir até a recepção pegar mais preservativo… (kkkkk). Mas se o mundo do swing fosse apenas sobre sexo, esse momento não seria tão marcante.
Através deles nós descobrimos que existiam muitos casais como nós (tarados) e que não éramos loucos de pedra – só estávamos inseridos nas comunidades erradas. E assim, Marcelo e Melissa foram nos apresentando o meio: outros casais, algumas expressões exclusivas do meio, uma rede social.
Marcelo era fundador da Sociedade Swinguer, mais conhecida como SS, uma das comunidades virtuais que existiam naquela época e da qual também fizemos parte. Daí o estilo de vida liberal começou a ganhar peso, já que nossos encontros swingers não se resumiam aos sábados no Casablanca.
Sociedade Swinguer
A Sociedade Swinguer foi um grupo formado em 2006 por casais, já praticantes do swing ou interessados em realizar esta fantasia sexual, e que buscavam, através da interação pessoal, nas festas e eventos realizadas pelo grupo, um relacionamento de amizade com os casais que compartilham com os mesmos ideais de liberdade sexual bem como e a realização do swing, sempre que prevalecer e a afinidade física e o consentimento das pessoas envolvidas, mantendo acima de tudo o respeito entre os membros.
Os Casais GSS (Gerentes do Grupo SS – Cris e Jr, Marcelo e Melissa, Richard e Suellen, Sid e Ci, Fera e Bela, Paulo e Pati, Sol e Caca, Johnny e Rose, Misteriosa e Marido, Lucas e Amanda) sempre recebiam e integravam os casais durante os eventos e festas que a SS promoveu ou participou.
No site (http://www.sociedadeswinguer.com.br) só era permitida a participação de um casal que possua a indicação de dois casais atuantes no grupo ou ainda que este casal participasse PESSOALMENTE de um evento que realizávamos periodicamente para a integração e desenvolvimento das amizades dos casais, tais como:
-PIZZA DA SS
-KARAOKÊ DA SS
-NOITE DA INTEGRAÇÃO
-SS MOTEL PARTY (1ª em Dezembro/2006 e 2ª Junho/2007)
Fotos da SS
Cris e Junior
Essas informações são uma cortesia do casal Cris e Junior, que continua falando sobre seu grande amigo, Marcelo:
“Tivemos o enorme prazer de conhecer eles (Marcelo e Melissa) através do bate-papo da UOL, em uma sala de casais, trocamos e-mails, skype e marcamos de conhece-los no estacionamento do Pão de Açúcar da av. Ricardo Jafet, e de lá, fomos para uma balada na Nefertitti.
Foi o início de uma enorme amizade, considerando o Marcelo como um irmão mais velho, confidente, conselheiro e parceiro das baladas, mas também de vários momentos familiares, desde a visita deles na maternidade quando a Cris deu à luz ao nosso filho (hoje com 16 anos), velório e enterro da minha avó, aniversário de 1 ano e outras ocasiões que aproximaram nossas famílias, até mesmo nossos filhos e nós mesmos trocando figurinhas da Copa do Mundo no Shopping Central Plaza.
Depois de muitas e muitas baladas juntos, começamos a confabular a criação de um grupo que pudesse agregar, reunir e facilitar os casais no meio liberal, algo que era praticamente inexistente na época, dessa forma criamos a Sociedade Swinguer.
Alguns momentos hilários/curiosos do Marcelo:
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- Rachou um dente ao subir no balcão do Enigma, pois bateu a cabeça com força no ar-condicionado;
- Inventou a hora do chantilly, com direito a vinheta, quando as esposas/mulheres estavam fazendo strip/dançando no balcão da Nefertitti/Casablanca e distribuía latas de chantilly para colocarem nos seios e aonde mais quisessem…
- Foram tantas festas e eventos, alguns causos não podemos contar….
Foi muito duro escrever sobre o Marcelo, pois não é fácil saber que não teremos mais a sua alegria, espontaneidade, carisma e quanto e quantos casais ingressaram no meio através do casal Marcelo e Melissa… mas, falando não da persona Marcelo e sim do meu irmão mais velho, você fará muita falta… imagino, a festa que deve estar no céu com meus amigos Richard e Marcelo juntos…”
Junior (Casal Cris e Junior)
Marina e Marcio
Com Marcelo e Melissa soubemos que tinha casa de swing em Curitiba e rolava um “intercâmbio” entre algumas casas de outros estados – fretaram um busão pra levar swingers de São Paulo para Curitiba. Onde eles iam, nós íamos também. A primeira vez que fomos em duas casas de swing na mesma noite, foi por causa deles: na inauguração de uma casa (que não lembro mais o nome) e sem pagar entrada!
Durante um ano, mais ou menos, Marcelo e Melissa foram nossos gurus. Com ele aprendemos valiosas lições no swing: o casal é o mais importante, swingers são pessoas como nós, parar a transa se algo não estiver bom, swing é muito mais do que sexo, mas talvez, a lição mais valiosa aprendida com eles foi: transformar ciúme em tesão. Uma noite no Casa, Marcio chegou perto dele e perguntou: você não sente ciúme da Melissa?
“Sinto sim, morro de ciúme dela. E quando ela está com outro eu fico olhando e pensando ‘danada, tá fazendo isso com ele, é? Vai fazer comigo também’ e isso me dá tesão”. Marcelo.
Swing além do tempo
O tempo passou, muita coisa mudou e há muito tempo não os víamos. Mas a influência deles em nossa vida liberal não morrerá nunca. O que aprendemos com Marcelo e Melissa, passamos para outras pessoas, que passaram para outras, que passaram para outras.
É o que dizemos aqui no blog há bastante tempo: o swing sempre existiu e ainda continuará existindo depois de nós, de vocês, do Richard, do Marcelo. Swing é atemporal; a nós, cabe viver o momento que nos é devido fazendo o melhor que pudermos. O meio liberal agradece Marcelo e Melissa pelo legado de vocês!
Vá em paz, Marcelo.