Neste natal aconteceu algo diferente. Postei uma foto no instagram e um comentário nela me chamou a atenção: seria legal um post sobre filhos de casais que fazem swing… é muito difícil lidar com essa situação (…) sinto falta da família que eu tinha antes.
Fiquei intrigada com esse comentário e pedi que a pessoa me contasse por email um pouco da sua história, até para que eu pudesse entender melhor o que se passa na vida dela antes de escrever qualquer coisa. Depois de ler a história, senti que o eu tinha imaginado quando li o comentário não estava tão fora da realidade, e gostaria de dividir essas ideias com vocês, queridos.
Existem swingers e swingers
Basta uma pesquisa no google para ver como tem coisa nada a ver por aí ligado ao swing e claro, se um filho ou parente chegar até essa baixaria sem saber do conceito de swing que acreditamos (e divulgamos) ser o real, é provável que ele tenha nojo dos pais. Eu tenho nojo de ver algumas coisas por aí, imagina quem cai de paraquedas na parada; vai ficar imaginando mil e uma coisas que não são verdades. O que me leva ao próximo ponto.
Conhecer o que é swing
Se você chegou até esta página, saiba que swing é troca de casais sim, rola sexo entre casais sim, mas não é só isso. O sexo acontece por conta de uma série de demandas pessoais e da relação em que se vive, tanto psicológicas quanto físicas; que resultam numa melhora absurda da qualidade de vida do casal, consequentemente, da família como um todo. Os pais ficam mais unidos, mais felizes, mais bonitos, com mais disposição… e toda essa alegria de viver reflete dentro de casa.
Filhos maiores de idade
Ser maior de idade não significa ser adulto. A idade cronológica nem sempre corresponde a fase psicológica e, para a maioria das pessoas, a fase adulta só chega quando os pais deixam de ser super heróis. Somente quando se entende que os pais são crianças crescidas, com medos e inseguranças como qualquer pessoa, é que se atinge a fase adulta.
É por isso que não adianta pensar “quando meu filho tiver 18 anos eu conto que sou swinger”. Há muito mais a se considerar do que apenas números, tem muito filho de 30 anos chocado com o swing dos pais. E ainda por cima tem aquela coisa de que, quase sempre, os filhos são os opostos dos pais: se os pais são descolados, os filhos são mais introvertidos; se os pais são quietinhos, os filhos são mais bagunceiros; se os pais são tradicionais, os filhos são mais liberais. E se os pais são swingers, as chances dos filhos não terem a menor propensão à vida liberal são muito grandes.
Respeito Mútuo
E aí a gente entra na base de qualquer relacionamento: respeito mútuo. Não adianta querer que os filhos respeitem as escolhas dos pais se os pais não respeitam as escolhas dos filhos. Filho que quer colocar uma roupa e o pai não deixa; filho que quer praticar um esporte e o pai exige que ele pratique outro; filho que quer morar sozinho mas o pai exige que more na casa dele; filho que quer comer macarrão mas o pai exige que ele coma verdura – enquanto o pai come macarrão (um clássico!). Os exemplos são simples mas retratam o que penso sobre “respeito”: se ensina desde pequeno.
Marina e Marcio
Já pensei em contar para nossos filhos, algum dia, o que fazemos; mas sempre que vem esse pensamento acabo chegando à conclusão que não vale a pena. Por outro lado, todos os swingers que eu conheço que esperaram serem “descobertos” para falar alguma coisa, disseram que foi horrível, já aqueles que contaram, disseram que nada mudou, que o respeito continua o mesmo e que não fez muita diferença no geral.
Já soube de vários casais que resolveram abrir o jogo para a família e de todos eles, ouvi a mesma frase: se pudesse voltar atrás não contaria, porque não fez a menor diferença. E se não fez diferença, não precisaria expôr minha intimidade. Mas talvez, só não tenha feito “diferença” justamente porque a sinceridade dos pais em contar tenha dado a segurança necessária ao entendimento; ao contrário do “descobrimento”, como se os pais estivessem agindo errado e precisassem se esconder. O assunto é delicado e, ao contrário do que eu gosto de dizer, não é simples assim.
Eu não sei se mudaria alguma coisa na nossa família se nossos filhos soubessem que somos swingers. Desde pequenos eu fiz questão de ensiná-los a respeitar uns aos outros num sentido bem amplo: respeitar opiniões, sexualidade, escolhas, e toda a sorte de diversidade. E pelo que acompanho deles, acredito que não teriam problema nenhum em entender, respeitar e aceitar a escolha que eu e o Marcio fizemos. Nem por isso nós mudaríamos qualquer coisa em relação a eles: ainda somos pais deles, responsáveis por eles e não faríamos qualquer coisa relacionada a swing quando estivéssemos perto deles. (aqui eu posso dizer que é simples assim 😉 )
E talvez seja aí que muitos swingers se perdem. Pensam que, já que os filhos sabem, a gente pode fazer o que der na telha. Não, gente, não pode não. Ser swinger não te dá o direito de impôr o swing para outra pessoa. Não te dá o direito de sair pelado na rua querendo que todo mundo ache normal; não te dá o direito de pedir para o filho tirar fotos de você de lingerie. O seu direito, swinger, termina onde começa a direito do outro de não ser swinger.
Principalmente quando o “outro” é seu próprio filho.