Ícone do site Marina e Marcio

Aquela Bruxa! – Uma Reflexão de Halloween

E com a proximidade do dia das bruxas eu venho aqui escrever sobre a minha relação com a “bruxaria”. Porque desde o que dia em que me dei por mulher, entendi o quanto é preciso ser meio bruxa nesse mundão onde o lugar de uma mulher já está designado – e ai daquela que OUSAR questionar esse lugar!

Desde muito pequena eu questionei o meu lugar de mulher determinado pelo pai, pela Igreja, pelo Estado; e nunca me conformei com respostas do tipo “não tem nada que você possa fazer pra mudar”. Ou “aceita que dói menos”. HAHAHAHA! O que talvez essa proposta patriarcal não tenha entendido é que a mulher já nasce sabendo o que é dor, e quando ela se dá conta que a dor será companhia constante em sua vida, tanto faz se é menos ou mais – ela tira de  letra.

Poderes Próprios

Eu queria ser juíza de futebol e o que eu ouvi foi “onde já se viu? Uma menina bonitinha assim como você? hahahaha”. Então eu queria pelo menos poder jogar futebol e me diziam “tá louca? hahahaha”. O que eu fiz? Aprendi sozinha. Assistia todos os jogos de futebol com meu pai, aprendi todas as regras, todas as expressões, todas as jogadas, tudo. Quando ia à praia não ficava tomando sol. Eu pegava a bola e ia treinar embaixadinha. Aprendia a jogar, nada muito bem, mas eu fui lá e fiz, quando todo mundo disse que eu nunca faria.

Depois, meu sonho era ser pianista do quarteto oficial da minha religião. Que sonho! Eu tinha tudo o que precisava: sabia tocar piano, sabia cantar, sabia compôr, sabia fazer arranjos e ainda tinha ouvido absoluto. Eu só não tinha um pinto, e quando caiu a ficha de que só por causa desse “detalhe” eu nunca alcançaria meu sonho, comecei a entender o significado de patriarcado e feminismo. Mesmo assim eu não desisti da ideia e criei meu próprio quarteto, só de mulheres, claro. E eu tinha só 17 anos!

Mais tarde quando fui me dando conta das diferenças salariais entre homens e mulheres, e a grande diferença que a religião determinava para as mulheres em relação ao mesmo trabalho que os homens faziam, fui entendendo de uma vez por todas que ali nunca haveria espaço para uma mulher como eu. Alguém que questiona, que é insubordinada, que não segue aquilo que não acredita? Nah… não é pra mim. E que se eu quisesse me olhar no espelho e não ficar com raiva por ter nascido mulher, eu teria que entender o que é ser mulher de uma vez por todas.

Ser Mulher

E nesse processo eu entrei em contato com a minha sexualidade, fui descobrindo toda a força do feminino, consegui resgatar diversas experiências da minha infância que já remetiam ao poder de ser sexualmente livre. Foi assim que cheguei aqui, escolhendo um relacionamento liberal com meu marido, ensinando outras mulheres a também descobrirem o valor do auto conhecimento, o valor de estar em paz com a sexualidade, o valor de ser mulher. Isso, amores, é visto como bruxaria em nossa era.

Já sei que vai ter um monte de gente achando esse texto um absurdo, arregalando os olhos pra mim quando digo que sou bruxa. Como se eu já não soubesse que acham um absurdo as minhas fotos peladas ou os meus vídeos transando. Por isso eu vou fazer um favor a vocês e dar mais um rótulo pra variar na hora de apontar dizendo “aquela vagabunda”, “aquela perdida” e o escambau: “aquela bruxa”.

Afinal, não é assim que chamam aquelas que não seguem os padrões pré-estabelecidos pela sociedade patriarcal? Desde a Idade Medieval? Insubordinadas, livres, que conhecem os mistérios da natureza, da vida, da morte? Que conhecem seu corpo, seu poder; que recusam os padrões da normatividade e são donas de si?

PS: Pela lei da magia, tudo o que você faz para o outro volta pra você. Fica a dica! Happy halloween!

Beijosssssssssssss

Sair da versão mobile