Já tem mais de 10 anos mas eu ainda me lembro como se fosse hoje: a primeira vez que perguntaram “qual o nome do casal” numa casa de swing. Nós já tínhamos ido algumas vezes no Inner, não éramos noobs, mas aquela vez era diferente: era nosso primeiro encontro com um casal!
Até aquela noite a gente tinha ido em casa de swing mas só por diversão, sabe? Não era nada parecido como hoje em dia, que a gente vai para o swing sabendo o que quer. Não, não… no começo de tudo nós íamos apenas para ver sexo. Era mais ou menos a sensação de ter entrado em um filme pornô das brasileirinhas – aqueles de carnaval onde ninguém é de ninguém.
Claro que nunca foi assim, nunca mesmo! Nós tínhamos essa ideia fixa na cabeça, de que swing era o maior bacanal do mundo, e era atrás disso que nós íamos. E não encontrávamos. A gente via a galera transando, mas nunca era como nos filmes: ou era um pessoal nada atraente ou não tinha mais do que 4 pessoas participando ativamente no bacanal. (Gente pra olhar tem aos montes, até hoje…).
Foi então que eu e o Marcio começamos a pesquisar sobre swing na internet. Existia pouco material naquela época e o pouco que tinha era de muito mal gosto. Orientação, tipo alguém dizendo onde era legal ir (ou não), não existia meeeeeesmooooooo. Muito menos alguém pra dizer que o swing não era nada daquilo que pensávamos.
Acabamos fazendo um cadastro em uma rede de swing super simples, onde começamos um bate papo com um casal chamado Dama e Lobo. Em algum momento da conversa eles nos convidaram para encontrá-los no Casablanca. Ficamos bem animados em saber que existia outra casa de swing (até então a gente só sabia da Inner) e marcamos de encontrar o casal lá.
Não lembro de ter dado frio na barriga para conhecer Dama e Lobo, mas sim, de entrar em uma casa de swing onde haveriam swingers de verdade, comunidade, gente realmente do meio. Era como se estivéssemos dando um upgrade na vida swinger, tipo, virando swingers pra valer, saca? “Caraca, nós vamos conhecer um casal!” Saber que eles eram do meio era mais importante do que saber se eram bonitos.
O Casablanca ficava numa rua bem discreta em Moema, com uma entrada mais discreta ainda: uma portinha estilo árabe e um segurança na entrada. Passamos pela portinha estilosa e chegamos à recepção.
— Qual o nome do casal? — a recepcionista perguntou logo de cara. E se você já foi surpreendido com essa pergunta numa casa de swing, sabe que nessa hora dá um negócio no estômago, um nó na garganta, uma pirada no cérebro. Porque a gente não sabe o que faz, né? E agora? Falo meu nome mesmo? Nome completo? Só o primeiro? Posso inventar um? Afinal, que porra é “nome do casal”? (kkkkkkkkkkk)
Ficamos com medo de dizer nossos nomes reais (porque a gente tem a impressão de que todo mundo vai saber que estamos entrando numa casa de swing) e os primeiros nomes que nos vieram à cabeça foram Marina e Marcio. Entramos na casa e estava lo-ta-da! Era um sábado, e foi então que descobrimos que sábado é tipo o dia oficial do swing: sempre está cheio!
Perguntamos para um funcionário sobre o casal que iríamos encontrar, seguindo as instruções deles: é só perguntar por Dama e Lobo na mesa 16. E não é que eles estavam lá mesmo nos esperando?! Era um casal alto, uns 10 anos mais velhos que a gente, magros e extremamente simpáticos. Nos receberam super bem, nos apresentaram aos outros casais que conheciam, nos convidaram para o CRS… nos sentimos swingers pela primeira vez na vida.
Naquela noite foi como se tudo o que conhecemos de swing até então fosse só uma brincadeira de criança. Teve seu valor, foi importante para ir quebrando um monte de paradigmas dentro da gente; mas daquela hora em diante, começamos a entender que nem só de sexo vive o swinger.
Não transamos com o casal que fomos encontrar porque não rolou afinidade. E eles deixaram bem claro pra gente que o sexo não afetaria em nada a relação que estávamos construindo. Eles queriam as pessoas Marina e Marcio, não os corpos deles apenas. (Swing: há mais coisa por trás dessa palavra do que sonha a vossa vã filosofia. Conheça antes de julgar).
Swing envolve sexo mas não se resume a isso. E não deixe que te levem a acreditar que você tem que transar porque virou swinger. A gente transa porque quer, com quem quer, onde quer. Essa é a premissa do swinger: ser livre para fazer o que quiser, até mesmo, não transar com ninguém. Ou transar com todo mundo. Ou transar com seu parceiro. No universo paralelo do swing, você é livre. Aproveite!
Beijossssssssssss