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A Liberdade Por Trás de Uma Máscara

Ultimamente tenho pensado bastante sobre liberdade. Porque a descoberta do mundo liberal traz uma sensação libertadora que muitos de nós nunca sentimos antes. Não sei como foi com vocês, mas eu me lembro de quando tive essa impressão, e nem foi na troca de casais, foi bem antes disso. Foi, na verdade, quando comecei a frequentar casas de swing e observar o que as pessoas faziam lá.

Entre a primeira vez numa casa de swing e o primeiro sexo swinger, nós vivemos cerca de 3 anos observando, desejando, mas sem coragem de encarar o grande desconhecido que viria depois da prática do swing. E eu olhava para os casais lá dentro, principalmente as mulheres, e as via soltas, felizes, sorrindo… numa leveza de espírito invejável!

Eu não via nelas a mesma coisa que via nas mulheres do meu trabalho ou nas reuniões de amigos, que era uma carga negativa de sentimentos que sempre terminava nas mesmas reclamações: marido que quer transar todo dia, roupa pra lavar, filho pra cuidar… essas mulheres – que eu conhecia muito bem porque fui criada para me tornar uma delas – raramente mostravam felicidade. Elas até sorriam, mas era só para esconder os ressentimentos.

Na casa de swing era diferente: as mulheres sorriam porque estavam mesmo felizes. E de onde vinha tanta felicidade, eu me perguntava? Porque tiravam a roupa? Porque rebolavam no queijinho? Porque transavam? Não, queridos, não era por nada disso. Eu descobri na prática que a leveza que acompanha um swinger vem da liberdade.

E é bom distinguir aqui liberdade de libertinagem, porque muitos acreditam que o que traz liberdade ao swinger é satisfazer todos os seus desejos sexuais, em outras palavras: transar com todo mundo, de tudo quanto é jeito. Isso é libertinagem e não leva à leveza de espírito. É aí que as pessoas confundem tudo e julgam o swing como depravação, perversão ou sei lá o quê mais. E isso não é liberdade, porque quando deixamos que o tesão seja nosso guia, entramos numa espécie de vício e passamos a viver em uma prisão – uma prisão de desejos.

Por outro lado, vejo alguns swingers assumidos dizendo por aí que os outros devem “sair do armário” para se libertarem, como se a liberdade estivesse contida em um ato de exposição. Mas a verdade é que a maioria que se assumiu swinger, não foi por livre e espontânea escolha, mas sim, porque foram “descobertos”. No fim, isso não pode ser chamado de liberdade porque não houve uma escolha de sair do armário: o armário, no caso, foi quebrado; e não havia outra opção (sem escolha, sem liberdade) a não ser, assumir.

Também não acredito em uma vida de liberdade absoluta, embora tenha dentro de mim uma força inexplicável que me leva a buscar por ela (por isso penso muito sobre a questão da liberdade). Existem defesas psíquicas que seguram as libertações pessoais em prol da garantia de vida. “Entre a liberdade absoluta, que é acompanhada pela insegurança e o medo da morte, a razão sugere a segurança, a defesa da vida, porém, a limitação da própria liberdade”. (Wollmann)

Em outras palavras, liberdade absoluta, sem regras ou limites, apenas duas pessoas poderiam viver: primatas irracionais – que são guiados unicamente por seus instintos – e deus. Não me imagino vivendo na época das cavernas muito menos com a responsabilidade de um deus, então, de onde virá a liberdade que tanto busco?

Eu tinha uma professora que dizia “ninguém é livre, todos sempre vivem de acordo com alguma regra” e Aristóteles define que “é livre não aquele que vive sem leis ou contra a lei, mas aquele que vive de acordo com as leis que ele mesmo elaborou, ou às quais dá seu assentimento livre”. Sou livre quando vivo de acordo com as minhas próprias regras, depois de analisar, ponderar e decidir qual a melhor forma de viver. Esse é o livre-arbítrio de que tanto se fala: a escolha consciente.

Eu me sinto livre quando faço troca de casal porque eu quero, não porque me vejo sem saída. Me sinto livre quando tiro a roupa na balada porque eu quero, e não porque me dizem pra tirar, entendem? É a partir daí que vem aquela leveza da alma, a verdadeira liberdade que eu escolhi dentro das minhas próprias regras. E quanto mais eu vivia o swing do meu jeito, mais livre eu me sentia. Não é porque sou swinger que vou transar com qualquer um – tenho minhas regras e abrir mão delas é voltar a um estado primitivo, a uma liberdade absoluta (sem regras) que destrói a minha própria razão.

Viver o swing é como tomar um trem expresso para a descoberta da liberdade, mas não é o único caminho para isso. Não venha para o lado colorido do mundo porque alguém disse que é legal ou porque te deram um passo a passo de como fazer. Venha porque você quer. Estabeleça suas regras e viva de acordo com elas, mudando-as, sempre que for preciso, mas que seja uma decisão racional sua. Use o livre-arbítrio que lhe foi dado e encontre a sua liberdade, que pode estar atrás de uma máscara, se assim você quiser.

Beijosssssssssss

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